A polícia na região japonesa de Miyagi, a mais atingida pelo terremoto e o tsunami do último dia 11, estimou neste domingo que até 15 mil pessoas possam ter morrido só na sua jurisdição.
Os números não incluem as fatalidades que também estão sendo contabilizadas nas áreas atingidas ao norte e ao sul, razão pela qual já se fala em 20 mil mortos na maior tragédia a atingir o Japão desde a Segunda Guerra Mundial.
Por ora, as estatísticas oficiais não param de subir. O número confirmado de mortos já se aproxima de 8,5 mil e o de desaparecidos, de 13 mil.
As autoridades deram início à construção de casas temporárias para atender a parte das centenas de milhares de pessoas – incluindo 100 mil crianças – atualmente abrigadas nos centros de emergência montados pelo governo.
Os sobreviventes estão enfrentando temperaturas abaixo de zero e carência de água, eletricidade, combustível e até alimentos.
Para fazer uma ligação gratuita de um minuto para familiares, eles têm de enfrentar horas na fila, porque a rede de telefonia móvel entrou em colapso.
Esforços
Na usina nuclear de Fukushima, danificada pela tragédia, os técnicos continuaram a lançar jatos de água nos reatores que contêm os bastões de combustível nuclear para evitar um perigoso derretimento.
Os engenheiros reconectaram linhas de energia aos reatores 1 e 2, mas ainda não está claro quando a energia poderá ser religada.
Ao restaurar a energia, as autoridades pretendem retomar o processo de injeção de água para resfriar as estruturas.
Entretanto, a agência Internacional de Energia Atômica da ONU (AIEA) advertiu que, mesmo com o restabelecimento do fornecimento de energia para os dois reatores, é possível que as bombas de água que resfriam os reservatórios de combustível tenham sido permanentemente danificadas.
Alguns especialistas crêem que a operação de usar caminhões-pipa para lançar água pode ter de continuar por vários meses.
Após ter sido reconectados à energia no sábado, os reatores 5 e 6 da usina foram resfriados, informou a agência de notícias Kyodo News.
As informações são de que os esforços continuam para resfriar os reatores 3 e 4 da usina.
Radiação
No sábado, o governo japonês informou que foram detectados níveis de iodo radioativo mais altos do que o permitido pela legislação japonesa na água encanada de uma cidade na província de Fukushima.
Em outras cidades da região, encontrou-se níveis altos de iodo radioativo também no leite e em alguns vegetais, aumentando a preocupação do governo com a contaminação, segundo a Kyodo News.
De acordo com a AIEA, o Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-estar do Japão proibiu a venda dos produtos e está realizando mais testes.
O porta-voz do governo japonês, Yukio Edano, disse que o governo decidirá na segunda-feira se restringe o consumo e o envio de alimentos provenientes de Fukushima e regiões vizinhas.
As autoridades japonesas elevaram de 4 para 5 o grau de seriedade do acidente nuclear, em uma escala internacional que vai de 1 a 7.
A crise, até então considerada local, está sendo considerada como um problema de consequências potencialmente abrangentes.