Canhões de artilharia queimados e tanques destruídos foram encontrados neste domingo junto aos corpos de combatentes das forças de Kadafi em um campo bombardeado pela coalizão na entrada de Benghazi, reduto rebelde no leste da Líbia.
Foi a 35 quilômetros a oeste de Benghazi que os aviões franceses atacaram desde as primeiras horas da manhã deste domingo dezenas de veículos militares estacionados das forças leais ao ditador.
A operação aérea efetuada por aviões da coalizão internacional - denominada pelos rebeldes de "caça-bombardeiros franceses" - foi iniciada às 05h30 locais (00h30 de Brasília) e durou em torno de duas horas.
Muitos moradores curiosos de Benghazi aglomeraram-se pela manhã em torno de um carro T72 e de um T55, e de um lançador de foguetes GRAD, imobilizados ou já inofensivos.
Alguns tiravam fotos, outros mexiam nos bolsos dos cadáveres. Os rebeldes pediram para que parassem e respeitassem os mortos, "que também são muçulmanos" e que lhes ajudassem a transportá-los para seu enterro.
Os insurgentes também buscavam munições que ainda não tinham explodido. Nos confrontos com as forças de Kadafi, a fragilidade armamentística dos rebeldes forçou sua retirada nos últimos dias.
Na sexta-feira à noite e no sábado de manhã, o exército do regime lançou uma grande ofensiva sobre Benghazi e ameaçou a parte da oeste da cidade.
Esse último ataque, que ocorreu depois de Trípoli proclamar um cessar-fogo, deixou ao menos 90 mortos, entre civis e rebeldes, segundo fontes médicas.
"Ontem (sábado), recebemos 50 cadáveres, e hoje (domingo) enviamos 35 certificados de óbito", indicou à AFP o médico Khaled Mugasabi, do hospital de Jala, localizado no centro de Benghazi.
Mesmo assim, jornalistas da AFP constataram corpos de 9 combatentes do regime líbio na sala do centro hospitalar. Paralelamente, os feridos são atendidos pelos médicos.
Alguns corpos estão completamente queimados, enquanto outros mostram sinais de bala na cabeça.
Mismar Ibrahim, 35 anos, ferido por disparos em uma estrada a oeste de Benghazi, relata que "cada vez que caminhava cinco metros, uma bomba explodia" e completou que andou por cinco horas no deserto para chegar ao hospital.