A Tepco disse que, em 11 anos, não inspecionou a peça que alimenta uma válvula de controle da temperatura do reator, apesar dos técnicos, que se contentaram em fazer apenas controles rotineiros, garantirem o contrário.
Outras peças, cujo controle não é necessariamente obrigatório, tampouco foram submetidas a uma inspeção exaustiva, sobretudo as partes ligadas ao sistema de resfriamento e ao fornecimento elétrico de emergência.
As autoridades solicitaram o relatório à Tepco justamente para saber se o procedimento padrão de segurança estava sendo respeitado. "O plano de controle das instalações e a gestão da manutenção eram inapropriados", concluiu a Agência de Segurança Nuclear, que assegurou que "a qualidade das inspeções era insuficiente".
Antes da catástrofe, a agência reguladora do setor havia alertado a Tepco, exigindo uma mudança de comportamento e a aplicação de um novo plano de manutenção antes de 2 de junho.
A tragédia de 11 de março provocou a parada dos seis reatores da central Fukushima 1, interrompeu a alimentação elétrica, bloqueou os geradores diesel de emergência e levou ao colapso o sistema de resfriamento.
Esta cadeia de erros gerou uma série de acidentes de gravidade crescente, que as equipes da Tepco ainda combatem com a ajuda do exército e dos bombeiros para evitar que a situação em quatro dos reatores se torne totalmente incontrolável. "Não é possível dizer em que medida as falhas constatadas sobre a manutenção e o controle das instalações influenciaram ou não a cascata de problemas originados pelo terremoto", indicou a agência.
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Em 2002, a Tepco precisou interromper temporariamente o funcionamento de seus 17 reatores nucleares de água quente (BWR), dois deles na central de Fukushima, para uma inspeção, após uma denúncia de maquiagem nos relatórios. O caso custou o cargo do diretor geral e de seu braço direito.