A capital da Líbia, Trípoli, foi alvo na madrugada desta terça-feira, pela terceira noite seguida, de ataques aéreos e com mísseis promovidos pela coalizão internacional que tenta impor uma zona de exclusão aérea no país.
Segundo o governo líbio, os ataques deixaram vários civis mortos. As informações não puderam ser confirmadas de maneira independente.
A zona de exclusão aérea foi estabelecida na semana passada por uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, com o objetivo de proteger civis de ataques pelas forças leais ao líder líbio, coronel Muamar Kadafi.
Explosões e disparos de artilharia anti-mísseis foram ouvidos perto do complexo onde vive Kadafi em Trípoli, no bairro de Bab al-Aziziya.
Na noite anterior, um míssil havia destruído um edifício de quatro andares dentro do complexo que seria usado, segundo a coalizão internacional, como centro de comando pelas forças de Kadafi.
Os confrontos entre as forças leais a Kadafi e os rebeldes opositores também continuaram pela madrugada, apesar do anúncio de um cessar-fogo pelo governo.
No leste do país, o Exército líbio conseguiu conter um avanço rebelde sobre a cidade de Ajdabiya.
Rebeldes na terceira maior cidade da Líbia, Misrata, disseram à BBC que foram alvo de ataques das forças de Kadafi na segunda-feira.
Kadafi está no poder na Líbia há mais de 40 anos. Um levante contra ele começou no mês passado em meio à onda de revoltas em países árabes ou muçulmanos, que já provocaram as renúncias dos presidentes da Tunísia e do Egito.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou nesta segunda-feira, durante visita ao Chile, que seu país deve transferir seu papel de liderança na coalizão internacional “em questão de dias” para assegurar que a responsabilidade pela imposição da resolução da ONU seja dividida.
Ele também afirmou que os Estados Unidos desejam ver Khadafi fora do poder, mas insistiu que único objetivo da campanha militar da coalizão é proteger civis.
Além dos Estados Unidos, participam da coalizão França, Grã-Bretanha, Estados Unidos, Canadá e Itália. Outros países, incluindo Espanha, Bélgica, Dinamarca e Catar já anunciaram que se juntarão à coalizão.
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A TV estatal líbia disse que a capital estava “sob bombardeio inimigo” e que várias cidades haviam sido atacadas. “Esses ataques não vão amedrontar o povo líbio”, disse um narrador.
O porta-voz do governo líbio Moussa Ibrahim disse em uma entrevista coletiva que a cidade de Sebha, no sul do país, foi atacada na segunda-feira. Ele disse que a coalizão também atacou “um pequeno porto pesqueiro” conhecido como Área 27, perto de Trípoli.
Segundo a TV Al-Jazeera, estações de radares em duas bases aéreas ao leste de Benghazi, a segunda maior cidade do país e principal base rebelde, também foram atingidas.
Segundo Ibrahim, os ataques aéreos e com mísseis na segunda-feira deixaram "numerosas" vítimas civis, especialmente no "aeroporto civil" de Sirte.
Ele também afirmou que o governo mantinha o controle de Misrata – a última cidade tomada pelos rebeldes no oeste da Líbia -, o que era contestado pela oposição.
Mandato internacional
Em seu pronunciamento nesta segunda-feira, o presidente Barack Obama disse que apesar de a posição americana ser a de que "Kadafi precisa sair", a operação militar na Líbia tem como único objetivo proteger civis.
"Nossa ação militar está em apoio ao mandato internacional do Conselho de Segurança que especificamente se concentra na ameaça humanitária representada pelo coronel Kadafi ao seu povo. Não apenas ele estava promovendo matanças de civis, mas ele ameaçava mais", disse ele durante sua visita ao Chile. Os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e a França já afirmaram que Kadafi não é um alvo das operações militares.
A resolução da ONU que autorizou a ação militar na Líbia vem provocando tensões na comunidade internacional.
O primeiro-ministro da Rússia, Vladimir Putin, descreveu a resolução como "defeituosa e falha". O secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa, criticou na segunda-feira a severidade dos bombardeios contra a Líbia. O apoio da Liga Árabe havia sido considerado fundamental para a aprovação da resolução da ONU.
Divisões também começam a aparecer entre os países da Otan, a aliança militar ocidental. A Noruega disse que seus caças somente tomarão parte nas ações quando ficar claro quem está no comando geral.