Autoridades em Tóquio afirmaram nesta quarta-feira que os níveis de radiação da água das torneiras da cidade a deixam imprópria para o consumo por bebês.
O nível de iodo radioativo em algumas áreas é de mais do que o dobro do nível considerado seguro.
O governo japonês impôs novas restrições ao consumo de alimentos de áreas afetadas pelos vazamentos da usina nuclear de Fukushima.
Os Estados Unidos também anunciaram restrições à importação de certos alimentos japoneses.
Os níveis de iodo-131 radioativo em algumas áreas de Tóquio é de 210 becquerels (unidade de medida de radiação) por litro. O nível considerado seguro para o consumo por bebês é de 100 becquerels por litro.
As autoridades advertiram a população a não dar água da torneira para crianças, mas não houve uma advertência imediata em relação ao consumo por adultos.
O Japão luta para conter o vazamento de radiação nos reatores da usina de Fukushima, atingida pelo terremoto e pelo tsunami do dia 11 de março.
Mortos e danos
O governo japonês confirmou nesta quarta-feira 9.079 mortes em consequência do tremor e do tsunami. Outras 12.645 pessoas ainda estão desaparecidas.
O custo dos danos provocados pelo desastre foram estimados entre 16 trilhões e 25 trilhões de ienes (entre R$ 328 bilhões e R$ 513 bilhões).
O primeiro-ministro do Japão, Naoto Kan, ordenou aos governadores das províncias de Fukushima e da vizinha Ibaraki que interrompessem os carregamentos de vários produtos agrícolas para exportação.
A lista inclui verduras, brócoli, salsinha e leite não-pasteurizado, após testes terem indicado níveis de radiação maiores do que o normal.
O chefe de Gabinete do governo japonês, Yukio Edano, afirmou em uma entrevista coletiva que os importadores de alimentos japoneses devem adotar uma “atitude lógica”.
Os fabricantes e comerciantes de alimentos e peixes japoneses expressam uma crescente preocupação sobre os efeitos que a crise poderá ter sobre suas fontes de renda.
Vazamento
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A empresa operadora da usina Fukushima Daiichi, a Tepco (Tokyo Eletric Power), afirmou que a restauração da energia elétrica em todos os reatores poderá ainda levar semanas ou até meses.
Na terça-feira, um alto funcionário da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), James Lyons, disse que não poderia confirmar se os reatores danificados estavam “intactos” ou se racharam e estariam vazando radiação. “Continuamos a ver radiação saindo do local e a questão é saber de onde exatamente ela está vindo”, afirmou Lyons.
O governo japonês retirou dezenas de milhares de pessoas em um raio de 20 quilômetros da usina e disse aos moradores a até 30 quilômetros de distância para permanecerem dentro de casa. Os Estados Unidos recomendaram uma zona de exclusão num raio de 80 quilômetros para seus cidadãos.
O vice-presidente da Tepco, Norio Tsuzumi, visitou os centros de desabrigados para se reunir com as famílias obrigadas a deixar suas casas.
Curvando-se bastante, num sinal de respeito segundo a cultura japonesa, ele disse: “Como tentei administrar este problema diretamente com o governo, minha visita para encontrar vocês diretamente foi adiada. Por isso, eu também peço desculpas do fundo do meu coração”.
Enquanto isso, tremores secundários continuam a assustar a população do nordeste do Japão, aumentando ainda mais os problemas das mais de 300 mil pessoas ainda alojadas em centros de desabrigados em 16 províncias japonesas.
Dezenas de milhares de casas ainda estão sem energia e mais de 2 milhões de pessoas estão sem água, segundo as autoridades japonesas.