Desde 1963 está em vigor na Síria uma lei de emergência proibindo manifestações. Há sete dias, porém, há uma série de pequenos protestos pedindo o fim do governo do presidente Bashar al-Assad. Assad sucedeu seu pai em 2000. O governo prometeu investigar as mortes em Daraa, mas analistas dizem que a situação é instável. "A tensão ainda é latente neste momento, a situação é explosiva", disse Haytham Maleh, advogado sírio pelos direitos humanos, detido por cinco meses em 2009 por criticar o governo.
Daraa é uma cidade cem quilômetros ao sul de Damasco onde vivem grandes famílias tribais. Ali ocorrem os principais protestos, os últimos de uma série em países árabes contra regimes autocráticos há décadas no poder. As manifestações se espalharam para cidades próximas como Jassem e Noa, onde segundo testemunhas havia mais de 2 mil pessoas para uma manifestação, que foi dispersada pela polícia.
Anteriormente, seis pessoas haviam sido mortas quando as forças de segurança reprimiram manifestações em Daraa, entre elas um menino de 11 anos que morreu na segunda-feira, após inalar gás lacrimogêneo um dia antes. Ontem, autoridades prenderam o escritor Louai Hussein, um dia após ele divulgar uma petição na internet pedindo liberdade de expressão, segundo o Syrian Observatory for Human Rights, grupo sediado na Grã-Bretanha.
Entidades como a Human Rights Watch acusaram as autoridades sírias de prender dezenas de ativistas durante uma manifestação perto do Ministério do Interior, na semana passada. Ontem, a União Europeia (UE) condenou a "violenta repressão" aos protestos, qualificando-a como "inaceitável".