O coronel Muamar Kadafi afirmou que a Líbia está pronta para uma longa guerra contra as potências ocidentais, que examinam os próximos passos da ofensiva iniciada há cinco dias, com o aval da ONU. "A Líbia está preparada para a batalha, seja longa ou curta", disse Kadafi em sua primeira aparição pública desde o início da ofensiva, ante partidários reunidos em sua residência-quartel de Trípoli. "Vamos ganhar esta batalha", acrescentou no discurso, exibido pela televisão líbia.
Segundo o canal CNN, a aviação da coalizão internacional bombardeou durante a madrugada posições das tropas de Kadafi perto de Misrata, 200 km ao leste de Trípoli.
De acordo com fontes médicas, os ataques das forças leais a Kadhafi mataram 17 pessoas, incluindo cinco crianças, na terça-feira em Misrata. "O dia de ontem foi desastroso. Tivemos o sentimento de que era o final. Foram pelo menos 17 mortos", declarou o médico, que pediu anonimato.
O balanço anterior da rebelião, divulgado na terça-feira, registrava cinco mortos, incluindo quatro crianças. A União Europeia (UE) alcançou nesta quarta-feira um acordo para impor sanções ao principal grupo estatal de petróleo na Líbia, a National Oil Company (NOC), informaram fontes diplomáticas.
Com esta medida os países europeus pretendem aumentar a pressão sobre uma fonte chave de recursos do regime de Kadhafi, que trava uma guerra contra os opositores, e "adaptar as sanções da UE contra a Líbia às decididas pela ONU", segundo as fontes.
O Conselho de Segurança da ONU decidiu na semana passada autorizar o uso da força e uma série de medidas econômicas contra as autoridades líbias, incluindo o bloqueio de ativos de todas as empresas estatais.
O Departamento do Tesouro americano anunciou na terça-feira sanções a 14 empresas que identificou como filiais da NOC.
A NOC é uma peça central do aparato petroleiro do Estado líbio e controla uma rede de empresas que se dedicam à exploração, produção e venda de petróleo, segundo o Tesouro americano.
A UE também prevê sanções às filiais da NOC, depois da decisão tomada contra a matriz, que deve ser formalmente aprovada pelos governos europeus para entrar em vigor.
De acordo com o ministro francês das Relações Exteriores, a Otan não terá um papel de "liderança política" da coalizão internacional na Líbia, e funcionará como uma "ferramenta de planejamento" na implantação da zona de exclusão aérea sobre o país. "A Otan intervirá como ferramenta de planejamento e condução operacional" na aplicação da zona de exclusão aérea prevista pela resolução 1973 do Conselho de Segurança da ONU, declarou o ministro.
A Aliança Atlântica "não exercerá liderança política" da coalizão, que ficará a cargo de um comitê compostos pelos ministros das Relações Exteriores dos Estados que participam da intervenção militar na Líbia e da Liga Árabe, indicou o chefe da diplomacia francesa.
Também nesta quarta-feira, a Turquia ofereceu emprestar à Otan um submarino e cinco navios para realizar o controle, no Mar Mediterrâneo, do embargo de armas decretado pela ONU contra o regime líbio. Kuwait e Jordânia contribuirão com apoio logístico às operações da coalizão internacional na Líbia, anunciou o primeiro-ministro britânico David Cameron.
A primeira reunião do grupo de contato para a Líbia (Estados Unidos, França, Grã-Bretanha e os países que participam nas operações contra as forças de Kadhafi) acontecerá na terça-feira em Londres.