A previsão é de que a radioatividade chegue ao território francês nesta quarta-feira.
Na semana passada, segundo jornais do país, várias farmácias registravam uma demanda significativa de pastilhas de iodo, que impede que a radioatividade tenha efeitos sobre a tireoide.
"Os franceses são traumatizados com a expressão nuvem radioativa", disse o jornal Le Figaro.
A origem do medo seria o fato de que, na época do acidente na usina nuclear de Chernobyl, na atual Ucrânia, em 1986, as autoridades francesas minimizaram a gravidade do nível de radioatividade que atingiu a França e que teria causado problemas de saúde a várias pessoas no sul do país.
Até mesmo uma comissão independente de pesquisas e informações sobre a radioatividade foi criada na França após o surgimento da nuvem radioativa de Chernobyl.
Dispersão
André-Claude Lacoste, presidente da Autoridade de Segurança Nuclear da França (ASN), informou que o nível de radioatividade associado à nuvem que chega do Japão "será extremamente baixo", entre mil e 10 mil vezes inferior ao registrado na França após o acidente em Chernobyl, considerado o mais grave acidente nuclear da história.
Especialistas franceses afirmam que a longa distância, de mais de 10 mil quilômetros, entre o Japão e a França, como também os vários dias já transcorridos após o acidente, no dia 11, permitem uma grande dispersão das partículas radioativas.
Peritos do Instituto de Radioproteção e Segurança Nuclear da França (IRSN) também informaram nesta quarta-feira que a radioatividade já liberada até o momento pelas explosões em Fukushima seria, segundo seus cálculos, o equivalente a 10% do nível registrado em Chernobyl.
O instituto informa que essas estimativas, que visam dar "uma ordem de grandeza realista", são baseadas nas informações divulgadas pelas autoridades japonesas e pela Agência Internacional de Energia Atômica da ONU, além de programas franceses de pesquisa sobre o comportamento de combustíveis nucleares que não foram suficientemente resfriados.
A ministra francesa do meio ambiente, Nathalie Kosciusko-Morizet, também reiterou nesta quarta-feira que a nuvem radioativa de Fukushima que vai atingir a França "não representa um perigo e não exige precauções específicas em relação à saúde".
Partículas ínfimas
As autoridades francesas vêm insistindo no fato de que não é necessário impedir as crianças de sair às ruas ou tomar pastilhas de iodo.
O IRSN informou que as partículas de Fukushima Daiichi que chegarão à França serão tão ínfimas que elas não poderão ser medidas pelos 170 captadores automáticos de radioatividade que fiscalizam em permanência o país, que tem o segundo maior parque nuclear do mundo.
Os técnicos utilizarão equipamentos mais sofisticados, que medem as partículas presentes em grandes quantidades de ar e que serão analisadas por laboratórios especializados.
Os resultados só devem ser divulgados cerca de dez dias após a passagem da nuvem radioativa na França.