A Colômbia planejou usar informação encontrada nos computadores do chefe guerrilheiro Raúl Reyes, morto em um bombardeio em 2008, para ligar os presidentes de Venezuela, Hugo Chávez, e Equador, Rafael Correa, à guerrilha das Farc, revelam telegramas vazados pelo site Wikileaks.
O ex-ministro da Defesa e atual presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, disse ao então embaixador americano William Brownfield que Bogotá "planejava vazar seletivamente informações obtidas nos computadores de Reyes para vincular os presidentes Chávez e Correa e seus governos ao grupo terrorista".
Um despacho de 27 de março de 2008 da embaixada americana em Bogotá revela que o vice-ministro da Defesa, Sergio Jaramillo, "foi designado pelo governo colombiano para desenvolver a estratégia do uso (da informação) dos computadores".
Bogotá queria que algum organismo não ligado ao governo divulgasse as informações na Internet, mas "após a Interpol verificar a autenticidade dos documentos", segundo Brownfield.
"O governo da Colômbia deseja que a Interpol, a Organização dos Estados Americanos ou alguma outra instituição internacional com reputação divulgue isto na Internet", mas se não for possível, "alguma ONG poderá ser encarregada disto", escreveu o diplomata.
Bogotá também pensou em entregar as informações a "meios de comunicação selecionados" de Estados Unidos, Colômbia, Espanha e da América Latina, mas somente após revisar minuciosamente o material para evitar qualquer informação prejudicial à Colômbia.
Os meios de comunicação da Colômbia e de outros países efetivamente publicaram estas informações, o que abalou seriamente as relações da Colômbia com Venezuela e Equador.
No dia 7 de agosto de 2010, quando Santos assumiu a presidência, Correa recebeu toda a informação obtida nos computadores de Reyes, o que abriu caminho para a retomada das relações bilaterais, interrompidas após o ataque que matou Reyes, nas selvas equatorianas.