Jornal Estado de Minas

Água altamente radioativa é encontrada na usina Daiichi

Agência Estado
O ministério da Saúde teme que as chuvas contenham elementos radioativos da central de Fukushima - Foto: AFP PHOTO / YASUYOSHI CHIBA
Uma grande quantidade de água altamente radioativa foi encontrada na parte de fora do reator número 2 na usina Daiichi, em Fukushima, informaram nesta segunda-feira funcionários do governo e os operadores da usina. Com isso, aumenta o risco de a água bastante tóxica vazar para o oceano, que fica 55 metros abaixo dessa área. A água, localizada em um fosso e em uma coluna, tinha nível de radioatividade de 1.000 milisieverts (unidade usada para indicar danos biológicos causados pela radiação) por hora, o mesmo nível detectado na água que vaza no porão do prédio onde fica a turbina.

A descoberta mostra a gravidade dos problemas no reator 2, que está vazando água em um nível muito mais alto de radioatividade que o detectado na água na parte de fora dos reatores 1 e 3. A água encontrada no fosso no reator 1 tem nível de radiação de 0 4 milisieverts por hora. A leitura no reator 3 ainda não foi confirmada, mas autoridades acreditam que o nível de radiação deve ser similar ao encontrado no reator 1.

A alta radioatividade na água do reator 2 sugere que o combustível nuclear dentro dele derreteu pelo menos parcialmente e que a água pode ter vazado tanto da estrutura de pressão do reator quanto do tanque de armazenamento. As autoridades não sabem quanta água vazou. Um porta-voz da Agência de Segurança Nuclear e Industrial, Hidehiko Nishiyama, disse que a água subiu e estava no fosso a apenas um metro do nível do solo. Quando ela atingir o nível do solo, deve começar a vazar para o oceano.

Alguns especialistas dizem que o alto nível de radiação, quatro vezes o que um trabalhador em uma crise receberia em um ano, aponta para um possível rompimento no reator. O professor Tadashi Narabayashi, da Universidade de Hokkaido, especialista em engenharia de reator, disse que pode ter ocorrido um problema na junção do reator, "permitindo que a água contaminada vazasse".

A Agência de Segurança Nuclear e Industrial minimizou até agora a possibilidade de qualquer problema sério tanto no recipiente de pressão quanto no de armazenamento. Em vez disso, sugeriu que os vazamentos provavelmente ocorreram em ventiladores danificados e em canos.

A usina começou a apresentar problemas após 11 de março, quando um terremoto de magnitude 9,0 atingiu o Japão, sendo seguido por um tsunami. Hoje, a Comissão de Segurança Nuclear, grupo de especialistas estabelecido pelo governo, divulgou comunicado afirmando que o vazamento de água radioativa no solo e no mar era a principal preocupação.

A agência de segurança nuclear instruiu a proprietária da usina, a Tokyo Electric Power (Tepco), a identificar a fonte da contaminação da água do mar e a monitorar a água no subsolo, diante do risco de radiação. Para reduzir o vazamento de água, a Tepco informou que reduzirá a quantidade de água injetada na área para ajudar a baixar a pressão. Com isso, porém, a temperatura deve subir e provocar outros problemas. Além disso, a Tepco planeja drenar água contaminada dos reatores 1, 2 e 3.