A chanceler alemã, Angela Merkel, atribuiu a derrota "dolorosa" de seu partido nas eleições de domingo em estados importantes do país à crise nuclear no Japão, mas disse nesta segunda-feira não ter planos de reformar seu enfraquecido governo. Após um encontro com os colegas conservadores, a chanceler afirmou que a derrota de domingo no estado de Baden-Wuerttemberg para os Verdes depois de 58 anos no poder significou que seu partido não poderá retornar à política como se nada tivesse acontecido. "Esse é um momento divisor de águas para o Estado e também para a história da Democracia Cristã. Teremos de trabalhar essa derrota dolorosa com nossos amigos em Baden-Wuerttemberg por algum tempo", disse. "O debate em conexão com a usina nuclear japonesa de Fukushima foi claramente o que nos levou à derrota."
Depois de fazer forte campanha sobre a questão nuclear, os Verdes dobraram seus votos em Baden-Wuerttemberg e esperam comandar pela primeira vez um estado alemão, em uma coalizão com os social-democratas. No mesmo dia, eles triplicaram seus resultados no Estado ocidental de Renânia-Palatinado. Merkel insistiu que manteria sua coalizão em Berlim com o Partido Democrático Livre, que não conseguiu os assentos no estado de Renânia-Palatinado e obteve poucos em Baden-Wuerttemberg. "Tivemos problemas no começo, isso está perfeitamente claro, mas nós conquistamos muitas coisas juntos e continuaremos assim nos próximos anos de mandato", declarou Merkel sobre seus quase 18 meses de governo. Quarenta e cinco por cento dos eleitores em Baden-Wuerttemberg citaram a questão nuclear como chave por conta da situação emergencial no Japão. Merkel, 56 anos, afirmou ser uma defensora da energia nuclear, mas que os problemas ocorridos após o tsunami na usina de Fukushima a fizeram reconsiderar sua posição. Citando a situação no Japão como uma "virada", Merkel suspendeu por três meses o plano de ampliação do uso de reatores nucleares na Alemanha, sendo que quatro deles estão localizados em Baden-Wuerttemberg. Ela também fechou temporariamente os sete reatores mais antigos do país, que estavam precisando de revisões de segurança. "Minha opinião sobre energia atômica mudou desde os eventos no Japão", disse novamente nesta segunda-feira. A energia nuclear é impopular na Alemanha, mas as eleições indicaram que os eleitores viram o zigue-zague de Merkel como eleitoreiro, o que levou muitos votos aos verdes.