Milhares de sírios tomaram as ruas do centro de Damasco nesta terça-feira para demonstrar seu apoio ao presidente Bashar Al Assad, alvo de um movimento de protesto popular. Poucos minutos após o término da manifestação em Damasco, o primeiro-ministro sírio Mohammed Naji Otri pediu demissão, junto com a renúncia de todo o seu gabinete, que foi prontamente aceita por Assad, segundo a televisão estatal. "Estamos prontos para morrer por Bashar. Estou disposto a dar até a última gota de meu sangue por ele", disse Rajeh, um estudante universitário, que participava da passeata. "A imprensa quer ver protestos na Síria? Aqui estão os protestos da Síria". Os defensores de Assad se concentraram na praça Sabeh Bahrat (Sete Fontes), agitando bandeiras nacionais e fotografias do presidente.
Algumas mulheres pintavam corações nas bochechas com declarações de amor a Assad. "Estamos aqui para mostrar a real vontade do povo sírio, que é proteger e apoiar o presidente, que Deus o conserve", disse a jovem Raghad, que compareceu à manifestação acompanhada das irmãs. Três bancários de terno contaram ter conseguido uma folga no trabalho para participar da passeata. Eles carregavam cartazes com dizeres como "Nascemos para morrer por você" e "Onde você pisa, nós ajoelhamos e rezamos". Em um clima festivo, homens e mulheres dançavam de mãos dadas ao som do tradicional dabkeh. "Estamos aqui hoje para mostrar a eles que seus planos para destruir a unidade da Síria não vão funcionar", afirmou outro manifestante, que carregava um exemplar do Corão e um crucifixo. Conhecido por sua política mão-de-ferro em relação a vozes dissidentes, a Síria orgulha-se de ser um exemplo de coexistência pacífica de fiéis de diferentes credos, em uma região marcada pelo conflito religioso. Na quarta-feira, Assad pronunciará um discurso no Parlamento, afirmou nesta terça-feira à AFP um alto dirigente, no que será sua primeira intervenção desde que começou a revolta que abala o país. "O presidente Bashar al Assad fará nesta quarta-feira pela manhã à nação em um discurso ante o Parlamento", afirmou o dirigente sírio. "Acho que aproveitará a ocasião para apresentar seus projetos de reformas", acrescentou. O primeiro-ministro sírio Mohammed Naji Otri, por sua vez, pediu demissão, junto com a renúncia de todo o seu gabinete. "O presidente Assad aceitou a renúncia do governo", afirmou a TV estatal, acrescentando que novo governo será formado nos próximos dias. Os protestos contra o governo de Assad começaram este mês em Damasco, mas as manifestações das cidades de Daraa e Latakia foram violenta e rapidamente reprimidas pelas forças de segurança. Além disso, o acesso da imprensa a estes locais foi bloqueado. As autoridades acusaram fundamentalistas e "gangues armadas" pelo movimento. As passeatas desta terça-feira, entretanto, foram transmitidas ao vivo pela televisão estatal. Ativistas estimam que mais de 130 pessoas tenham sido mortas em duas semanas de protestos, mas o governo afirma que não foram mais de 30.