Os Estados Unidos estão preocupados com a possibilidade de as automáticas vendidas pela Rússia à Venezuela terminarem em mãos erradas, declarou nesta quarta-feira o chefe do Comando Sul, general Douglas Fraser.
A venda de armamento por parte da Rússia a países latino-americanos é uma oportunidade para essas nações atualizarem os recursos de suas forças armadas, disse Fraser, durante uma audiência no Congresso.
"Mas a principal preocupação dos Estados Unidos com essas transações é o número de armas automáticas que chegam à Venezuela e a possibilidade de que possam terminar em outras mãos", assinalou Fraser junto a outros chefes de comandos americanos.
Conexão Caracas
Desde 2005, o governo de Hugo Chávez comprou mais de 4 bilhões de dólares em aviões, helicópteros de combate e fuzis à Rússia, e no ano passado fez uma nova encomenda de tanques e mísseis de defesa antiaéreos - aquisições que foram alvo das críticas de Washington.
Fraser manifestou no passado a preocupação dos Estados Unidos com as ligações entre o governo de Chávez e a guerrilha colombiana das Farc.
O chefe do Comando Sul afirmou que vê "uma crescente influência" da Rússia, Irã e China na América Latina, mas centralizada nas relações políticas, diplomáticas e comerciais, dentro de um "processo internacional normal".
O Irã busca, com suas ligações na região, "limitar seu isolamento e reduzir a influência dos Estados Unidos", assinalou Fraser.
Fraser disse que os Estados Unidos mantêm relações militares muito boas com a América Latina, exceto com países como Venezuela e Bolívia. "Mas por decisão deles, que escolheram não colaborar conosco".
Elogios ao México
Durante a audiência, onde foram debatidos os diferentes desafios de segurança na região, o chefe do Comando Norte, almirante James Winnefeld, elogiou os avanços do governo mexicano de Felipe Calderón na luta contra os cartéis da droga.
"Foi uma luta difícil", afirmou Winnefield, reconhecendo, no entanto, a determinação dos policiais e forças armadas mexicanas contra organizações "sofisticadas, impiedosas e bem financiadas".
Fraser ressaltou a preocupação com o aumento da violência do narcotráfico na América Central, por onde passa entre 60% e 65% da cocaína produzida na América do Sul e que termina nos Estados Unidos.