O lançamento de uma nova biografia sobre Mahatma Gandhi (1869-1948) acusada de caracterizar o pai da independência da Índia como um bissexual racista causou consternação em seu país e um estado indiano decidiu nesta quarta-feira proibir sua venda.
"A representação de Mahatma Gandhi feita por Joseph Lelyveld merece desprezo", considerou Narendra Modi em seu blog. "Ela não deveria ser tolerada sob pretexto algum. O governo de Gujarat já decidiu proibir totalmente o livro", acrescentou.
Esta nova biografia foi publicada terça-feira nos Estados Unidos, mas não foi divulgada na Índia.
A imprensa indiana protestou na terça-feira contra o livro depois que o jornal britânico Daily Mail considerou, com base na obra, que "Gandhi deixou sua esposa para viver com um amante". O Daily Telegraph indicou também que, segundo o livro, Gandhi "tinha posições racistas em relação aos negros sul-africanos".
Tabu
O autor, ex-chefe de redação do New York Times, denunciou a interpretação feita por esses jornais que, segundo ele, deformaram as ideias de seu livro e, principalmente, sua análise sobre as relações entre Gandhi e um arquiteto judeu alemão, Hermann Kallenbach.
"Não considero Gandhi racista ou bissexual. A palavra 'bissexual' não aparece em parte alguma do livro", reagiu em um comunicado.
Leia Mais
Mangá relatará a vida do Papa por ocasião das Jornadas da Juventude em MadriPapa diz em novo livro que Jesus não era revolucionárioLivro afirma que mineiros chilenos consideraram suicídio e canibalismoPolícia acaba com protesto de guru indianoGandhi viveu em Johannesburgo com Kallenbach, amante do fisiculturismo, durante cerca de dois anos antes de deixar a África do Sul para retornar à Índia em 1914.
No ano passado, uma obra sobre Gandhi intitulada "Gandhi: ambição nua", escrita por um historiador britânico, apresentou aspectos inéditos da vida privada deste ícone indiano, revelando que seu famoso voto de abstinência não o havia impedido de dormir com mulheres nuas, nem de ter experiências sexuais excêntricas.