O Vaticano denunciou nesta quinta-feira que bombardeios das forças ocidentais contra a Líbia mataram pelo menos 40 civis em Trípoli, no bairro de Buslim, onde um prédio inteiro foi destruído por um míssil. O anúncio ocorreu no mesmo dia em que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) assumiu oficialmente a operação no país, que mudou de nome, de "Aurora da Odisseia" para "Protetor Unificado". A operação permanece com o objetivo declarado de evitar que as tropas do governante líbio, Muamar Kadafi, matem civis.
O relatório do Vaticano foi divulgado mais cedo pela agência de notícias Fides e citou o vigário apostólico de Trípoli, Giovanni Innocenzo Martinelli. O general canadense Charles Bouchard, que comandará a operação da Otan na Líbia, disse conhecer o relatório. "Eu levo a sério cada uma dessas questões... mas nossa missão começou hoje", disse Bouchard em Nápoles, no sul da Itália, onde funciona o comando da Otan para a operação líbia. A Otan assume as operações na Líbia em um momento sensível - as tropas de Kadafi estão recuperando cidades e regiões que os insurgentes haviam tomado nos últimos dias, após mais de uma semana de bombardeios desfechados por aviões dos Estados Unidos e seus aliados. O recuo dos insurgentes em direção a Benghazi, no leste do país, fez aumentar a pressão para que seja fornecido equipamento militar pesado aos rebeldes. Falando em Estocolmo (Suécia), o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, disse que a organização de 28 países não apoia a sugestão dos EUA e da Grã-Bretanha de que a resolução 1973 da Organização das Nações Unidas (ONU) autoriza o envio de equipamentos militares aos insurgentes. Também nesta quinta, o ministro da Defesa da França, Gerard Longuet, disse que seu país não planeja armar rebeldes que lutam contra as forças de Kadafi. Segundo ele, isso não seria compatível com a resolução da ONU.