Milhares de pessoas protestaram nesta sexta-feira no norte e sul da Síria, e ao menos sete manifestantes morreram por disparos das forças de segurança em Duma, a 15 km de Damasco, nas primeiras manifestações desde que o presidente Bashar al-Assad esmagou as expectativas de mais liberdades no país. Ao menos sete pessoas morreram e várias dezenas ficaram feridas por disparos das forças de segurança contra uma manifestação nesta sexta-feira na cidade de Duma, a cerca de 15 km ao norte de Damasco, disse uma testemunha à AFP por telefone. Depois da habitual oração de sexta-feira dos muçulmanos, os manifestantes saíram da mesquita e começaram a lançar pedras contra as forças de segurança, que responderam com disparos de munição real, informou a testemunha que pediu para não ser identificada.
Ao menos sete pessoas, não identificadas, foram atingidas pelos disparos, e a testemunha completou que poderia haver outras seis vítimas fatais. "Dezenas de pessoas ficaram feridas e muitas foram presas", afirmou a testemunha. Testemunhas em Daraa, um dos principais focos da dissidência, disseram à AFP que milhares de fiéis reuniram-se no tribunal localizado no sudeste da cidade depois de sair das mesquitas. "Melhor a morte do que a humilhação" e "Unidade nacional", gritavam. Os gritos dirigiam-se a Assad, cujo discurso de quarta-feira no Parlamento não conseguiu atender as demandas dos protestos pró-reforma que começaram mais de duas semanas atrás. Protestos com centenas de pessoas ocorreram pela primeira vez nessa cidade de maioria curda no nordeste do país. "Centenas de pessoas marcharam pacificamente pelas ruas após as orações de sexta-feira em Qamishli e Amuda, gritando 'queremos liberdade' e 'Deus, Síria e liberdade'", afirmou à AFP o ativista de defesa dos direitos curdos Radif Mustafa. Os protestos da "sexta-feira dos mártires" também ocorreram em Latakia, Homs e Darriya, perto da capital Damasco, onde as pessoas gritavam: "minha amada Síria, me dê liberdade". A agência oficial Sana confirmou que protestos ocorreram sem incidentes perto da mesquita de Daraa e Latakia, onde os manifestantes homenagearam os mártires da revolta e pediram aceleração das reformas. Em Damasco, centenas de pessoas reuniram-se dentro da mesquita de Al-Rifai, no centro da cidade, gritando "liberdade, liberdade", enquanto forças de segurança tentavam entrar no local, informou um manifestante, e um grupo de apoiadores do regime reuniu-se na praça do lado oposto. Esta é a terceira semana seguida de protestos que se seguem às orações muçulmanas de sexta-feira. O presidente Assad, que enfrenta pressão doméstica sem precedentes em seu mandato de 11 anos, não levantou o estado de emergência, em vigor há 50 anos, em seu primeiro discurso à nação desde que as manifestações exigindo mais liberdades começaram, em 15 de março. Em vez disso, ele disse que havia uma "conspiração" minando a unidade na Síria, culpando os "inimigos" na nação por tirar vantagens das necessidades da população para incitar divisões no país, regido por um estado de emergência desde que o partido Baath entrou no poder em 1963. A "Revolução Síria de 2011", uma popular página do Facebook que emergiu como motor dos protestos, convocou manifestações em todas as mesquitas após as orações de sexta-feira, até que suas exigências de "liberdade" sejam atendidas. "A causa real, a causa última, é que nós fomos agredidos em nossas próximas ruas, silenciados por mais de 40 anos", disse um ativista, que preferiu não se identificar. "Mas a causa mais premente, nos protestos de hoje, é o discurso do presidente, que esmagou nossas esperanças e expectativas", disse à AFP. "Nós ouvimos o mesmo discurso há décadas."