Os Estados Unidos pediram nesta sexta-feira que o presidente da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, deixe imediatamente o poder, para evitar um aumento da violência no país.
Tropas leais ao opositor Alassane Ouattara – reconhecido internacionalmente como o vencedor do pleito presidencial de novembro passado – realizam ataques na principal cidade marfinense, Abidjan, em áreas ainda controladas por Gbagbo, que se recusa a reconhecer a vitória de Ouattara na eleição.
"Nos preocupamos com a violência atual e pedimos para que Gbagbo deixe o poder imediatamente", disse o porta-voz do Departamento de Estado americano Mark Toner.
Toner também fez um apelo para que os militares estrangeiros já presentes na Costa do Marfim ajudem a manter a ordem.
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Residência presidencial
Forças pró-Outtara estão atacando a fortificada residência presidencial em Abidjan. Gbagbo não é visto em público há semanas e não é claro se ele está no local.
"Ainda posso escutar o som de metralhadoras e de morteiros", disse um morador próximo à BBC.
Um correspondente da BBC diz que ocorrem combates também em outras duas partes da cidade.
Outtara diz que as fronteiras do país estão fechadas, embora o espaço aéreo tenha sido aberto por algumas horas na sexta-feira. Foi decretado um toque de recolher até a manhã do domingo em Abidjan.
Tropas da ONU e francesas controlam o aeroporto da cidade.
Apoios
Acredita-se que as forças de Outtara controlem 80% do país. Muitos militares trocaram de lado e passaram a apoiar o presidente reconhecido.
Gbagbo, porém, ainda teria o apoio da Guarda Republicana, das forças especiais e de milícias armadas.
Vários organismos internacionais já pediram que Gbagbo deixe poder, incluindo a ONU, a Ecowas, o bloco das nações do oeste da África e a França.
Desde que a crise começou na Costa do Marfim, a violência forçou o deslocamento de 1 milhão de pessoas e levou à morte de ao menos 473 marfinenses, segundo a ONU.