Violentos confrontos na Costa do Marfim, entre simpatizantes de Alassane Ouattara – reconhecido internacionalmente como o vencedor do pleito presidencial de novembro passado – e tropas fiéis ao líder do governo marfinense, Laurent Gbagbo, foram registrados neste sábado na capital, Yamoussoukro.
No entanto, pouco se sabe sobre a situação na cidade. Há informações até de que os soldados que guarnecem a base estariam lutando entre si. O controle da televisão estatal, RTI, parece ter sido recuperado pelos simpatizantes de Gbagbo.
O canal levou ao ar um comunicado lido por um soldado, ao lado de dezenas de integrantes das Forças de Defesa e Segurança (FDS) de Gbagbo, no qual ele convocava tropas de todo o país a defender as instituições do Estado.
Leia Mais
Costa do Marfim: Mais de 800 execuções em Duekoue EUA pedem que presidente da Costa do Marfim deixe imediatamente o cargo Relatos de abusos de direitos humanos na Costa do Marfim preocupam ONUSecretário-geral da ONU pede medidas a Ouattara depois de massacreTropas francesas tomam aeroporto de Abidjan Governo de Ouattara prolonga toque de recolher na Costa do MarfimQuatro capacetes azuis 'gravemente feridos' por forças de Gbagbo em AbidjanConfrontos mataram mil na Costa do Marfim, diz entidadeNa sexta-feira, os Estados Unidos fizeram um apelo para que o presidente Laurent Gbagbo deixe imediatamente o poder, de modo a evitar o agravamento da situação no país. "Nos preocupamos com a violência atual e pedimos para que Gbagbo deixe o poder imediatamente", disse o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Mark Toner.
Toner também fez um apelo para que os militares estrangeiros já presentes na Costa do Marfim ajudem a manter a ordem. "Pedimos para que a Unoci , as tropas da ONU e as francesas adotem todas as medidas para a proteção de civis e impeçam saques", disse.
Forças francesas dizem que levaram 500 estrangeiros, inclusive 150 franceses, para um acampamento militar após terem sido ameaçados por saqueadores em Abidjan. Tropas da ONU e francesas controlam o aeroporto da cidade. Acredita-se que as forças de Outtara controlem 80% do país. Muitos militares trocaram de lado e passaram a apoiar o presidente reconhecido.
Gbagbo, porém, ainda teria o apoio da Guarda Republicana, das forças especiais e de milícias armadas. Vários organismos internacionais já pediram que Gbagbo deixe o poder, incluindo a ONU, o bloco das nações do Oeste da África e a França.
Desde que a crise começou na Costa do Marfim, a violência forçou o deslocamento de 1 milhão de pessoas e levou à morte ao menos 473 marfinenses, segundo a ONU.