A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) afirmou nesta quarta-feira que forças leais ao líder líbio, Muamar Khadafi, estão usando escudos humanos na cidade sitiada de Misrata.
A cidade é a única controlada por opositores do regime no oeste líbio e vem sendo palco de pesados combates.
"Misrata permanece sendo nossa prioridade, mas (forças de Khadafi) estão usando escudos humanos por proteção", disse a porta-voz da organização Oana Lungescu.
A Otan acusou forças de Khadafi de usar veículos civis e armazenar armas em áreas civis.
Críticas
Mais cedo, o general rebelde Abdul Fattah Younis disse que a Otan deve fazer mais para proteger a cidade, afirmando que a entidade "está permitindo a morte diária de civis".
Segundo o rebelde, a burocracia interna da Otan estaria tornando a resposta da entidade a solicitações lenta.
Testemunhas dizem que os combates têm feito inúmeras vítimas em Misrata, cercada há semanas e com seus suprimentos de água e eletricidade cortados.
As forças de Khadafi estariam lançando pesados bombardeios sobre a cidade e usando franco-atiradores para disparar indiscriminadamente contra a população, segundo relatos.
A porta-voz da Otan disse que a entidade intensificou os bombardeios contra as forças do governo líbio e que estas já teriam tido um terço de suas capacidades militares destruídas, inclusive em Misrata.
Mas Tim Willcox, correspondente da BBC em Benghazi, reduto rebelde, disse que o clima na cidade é de raiva pela percepção do sofrimento enfrentado pela população de Mistrata e de que a Otan não está fazendo o bastante.
Ele diz que relatos de civis feridos que deixaram Misrata descrevem cenas de horror, com bombardeios e combates.
Também estão sendo registrados combates nas cidades de Brega e Ajdabiya, no leste do país.
Tribunal
Também nesta quarta-feira, o procurador-chefe do Tribunal Penal Internacional, Luis Moreno-Ocampo disse que o regime de Khadafi está sendo investigado por alegadamente planejar um massacre de civis, mesmo antes do levante popular.
Ele afirmou que os planos do líder líbio seriam uma reação aos protestos que levaram à queda do regime vizinho na Tunísia, em janeiro.
Ainda nesta quinta-feira, o ex-deputado americano Curt Weldon está em Trípoli a convite de Khadafi. Ele afirmou que tentará convencer o líder líbio a “deixar o poder”.
Carta
A Casa Branca também confirmou nesta quarta-feira ter recebido uma carta atribuída a Khadafi. O governo dos EUA, no entanto, não divulgou seu conteúdo.
Pouco antes, a TV estatal líbia afirmou Khadafi enviou uma carta para o presidente dos EUA, Barack Obama, após o que chamou de “retirada (dos EUA) da Cruzada e da aliança hostil e colonialista contra a Líbia”.
Nesta semana, os EUA transferiram o comando das operações militares na Líbia para seus aliados europeus da Otan