Quase 25 anos depois do pior desastre nuclear do mundo, o repórter da BBC Daniel Sandford visitou a usina de Chernobyl, na Ucrânia.
Ainda hoje, o acesso à zona de exclusão de 30 quilômetros em volta da usina é proibido, e o cenário é de abandono.
Centenas de funcionários trabalham na manutenção do abrigo para o reator onde ocorreu o desastre, mas eles podem ficar apenas duas semanas na região e, então, são substituídos.
O desastre no reator quatro de Chernobyl aconteceu em 26 de abril de 1986. Dezenas de pessoas morreram e outros milhares morreram de câncer - entre eles, soldados enviados para a operação de limpeza.
Devido ao risco da radiação, poucas equipes de jornalistas tem permissão para entrar. Os da BBC puderam entrar rapidamente na área contaminada usando roupas especiais e máscaras.
A radiação absorvida pela equipe foi monitorada. Os níveis estão mais baixos atualmente, mas dentro da sala do reator que derreteu, o perigo ainda é grande.
Poeira
No dia do desastre, os funcionários da sala de controle do reator quatro sabiam que havia algo errado, mas não tinham percebido a grande explosão na sala principal, a dezenas de metros de onde estavam. Atualmente a sala é um lugar escuro, empoeirado, onde ainda é possível ver as mesas e painéis abandonados.
Laurin Dodd, diretor do projeto para construir um abrigo em volta do antigo reator, conta que a situação não parece tão perigosa quando olhada de fora, mas, na sala central, ainda é possível ver grandes buracos.
Existem planos ambiciosos e caros para construção de uma nova cobertura para o reator, que faria de Chernobyl um lugar seguro nos próximos cem anos, evitando mais contaminação em caso de desabamento.
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Fukushima, "bem pior que Chernobyl", segundo ativista russaAIEA: É muito improvável que Fukushima seja uma nova ChernobylAndrey Glukhov morava no local e, no dia do acidente, iria operar o reator quatro, mas seu turno foi mudado.
"Quando vejo a escola onde meus filhos ficavam, quando vejo os prédios onde meus amigos moravam - alguns deles não estão mais vivos -, é emocionante, é triste", diz Glukhov.
Ele ouviu a explosão de seu apartamento, mas ninguém sabia o quanto era sério. A população só foi retirada 36 horas depois.