O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) disse nesta quarta-feira que tem “discordância política e ideológica” com o líder da Líbia, Muamar Kadafi. Lula não descartou, porém, contribuir para solucionar a crise líbia.
Em 2009, Lula foi o unico convidado de honra presente à Cúpula da União Africana em Sirte, na Líbia. Na ocasião, Lula começou seu discurso dizendo a Kadafi: "Meu amigo, meu irmão e líder". Logo de início, o presidente elogiou "a persistência e a visão de ganhos cumulativos que norteia os líderes africanos".
“Se alguém, a minha presidente ou alguém, achasse necessário, e falasse: ‘Bom, o Lula pode contribuir’, eu contribuiria tranquilamente”, afirmou.
Lula citou as discordâncias com Kadafi ao ser questionado por repórteres sobre sua relação com o líder líbio. Durante seu governo, Lula manteve uma relação cordial com Kadafi. Em 2003, o então presidente foi recebido em Trípoli pelo coronel, em uma viagem que provocou polêmica no Brasil.
O líder líbio, que enfrenta uma revolta popular, vem sofrendo crescente pressão da comunidade internacional para deixar o poder. Forças contrárias a seu governo já dominam parte do país.
No mês passado, o Conselho de Segurança da ONU autorizou uma ação militar na Líbia, para implementar uma zona de exclusão aérea e proteger a população civil de ataques por parte das forças do governo.
Exemplo
A crise na Líbia faz parte de uma onda de revoltas populares em vários países árabes e muçulmanos do norte da África e do Oriente Médio. Segundo Lula, o avanço da democracia na América Latina é um exemplo para o Oriente Médio.
“Tem poucos lugares no mundo exercitando a democracia como nós estamos exercitando na América Latina”, disse Lula, a uma plateia de mais de cem pessoas presentes no Fórum de Líderes do Setor Público da América Latina e Caribe.
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“A América do Sul tem dado um exemplo extraordinário”, afirmou o ex-presidente. “Espero que o Oriente Médio consiga o mesmo padrão de democracia que nós estamos alcançando na nossa querida América Latina.”