Véu islâmico integral está proibido na França a partir de segunda
Um grupo de ativistas muçulmanos, denominado "Coletivo da Unidade Tawhid", anunciou sua intenção de protestar no sábado em Paris contra essa lei, mas a prefeitura da capital proibiu o ato nesta sexta-feira, pelas "ameaças de distúrbios" que poderia causar.
Segundo a prefeitura, "de 100 a 200 pessoas" iriam participar dessa concentração.
O ministro do Interior, Claude Gueant, que desde que assumiu o cargo no fim de fevereiro fez várias declarações contra os muçulmanos e a imigração, como afirmar que "o número crescente de fiéis dessa religião e uma série de comportamentos representam problemas", enviou uma circular às delegacias com as regras de aplicação da lei.
"Se uma pessoa se negar a ser submetida a um controle, deverá saber das consequências, e se insistir, deverá ser levada à polícia para verificar sua identidade", disse a circular ministerial enviada por Gueant, "homem-chave" para os projetos de reeleição de Sarkozy em 2012, segundo o jornal Liberation.
Há mais de dois anos, Sarkozy, que continua com níveis de popularidade baixos, insiste em retomar os temas prediletos da Frente Nacional (FN, extrema direita), diante do avanço desse partido que inclusive poderá deixá-lo de fora do segundo turno das eleições, segundo várias pesquisas.
A proibição do véu islâmico integral ocorreu depois de um fracassado debate sobre a identidade nacional, impulsionado pelo presidente francês, que não hesitou em vincular a imigração e delinquência e que nas últimas semanas defendeu outro debate sem êxito sobre o laicismo.
"Se vêm para a França, aceitam unir-se em uma só comunidade, que é a comunidade nacional. E se não quiserem aceitar, não podem ser bem-vindos na França", afirmou em fevereiro o presidente que nesta semana fez uma homenagem solene ao poeta martinicano Aimé Cesaire e à diversidade, em uma atitude que alguns qualificam de "tática do jogo duplo" com vistas à reeleição.
A França não estará sozinha na proibição do véu islâmico integral. Suíça, Bélgica, Países Baixos, Dinamarca, Itália, Espanha e Alemanha estudam proibições em diversos graus.