Jornal Estado de Minas

Obama afirma que acordo do orçamento é investimento no futuro dos EUA

AFP

WASHINGTON - O presidente americano, Barack Obama, elogiou neste sábado o acordo alcançado pelos congressistas democratas e republicanos que evitou a paralisia dos serviços federais, destacando que o desfecho positivo do impasse da lei do orçamento deve ser visto como um investimento no futuro do país.

"Este é um acordo que investe no futuro de nosso país, ao mesmo tempo em que realiza o maior corte de gastos anual de nossa história", disse Obama, em seu programa semanal de rádio.

Os comentários do presidente foram ao ar apenas algumas horas após o fechamento do tão desejado acordo, nas últimas horas da sexta-feira. Foram semanas de duras negociações entre republicanos e democratas, que não conseguiam chegar a um consenso para aprovar o orçamento federal para concluir o ano fiscal de 2011.

Obama e o líder republicano da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, John Boehner, informaram na noite de sexta-feira o fechamento de um acordo sobre o orçamento federal, que evitará a temida paralisia do governo.

"Temos um acordo", revelou Boehner em primeira mão aos representantes republicanos durante uma reunião a portas fechadas, marcada por uma forte carga emocional, segundo um assessor ligado às negociações.

Obama confirmou o acerto com a oposição republicana ao falar do Salão Azul da Casa Branca, tendo como fundo o obelisco do monumento a Washington no National Mall.

"Estou contente por poder anunciar que amanhã o monumento a Washington e todo o governo federal estarão abertos e trabalhando", disse o presidente.

"Este acordo entre democratas e republicanos em nome de todos os americanos é sobre um orçamento (...) que implica no maior corte anual de gastos de nossa história".

Os líderes partidários fecharam o acordo, que inclui o corte de 38,5 bilhões de dólares em gastos para o restante do ano fiscal, que termina no dia 1º de outubro, depois de uma intensa disputa política e apenas uma hora antes que o governo Obama ficasse sem dinheiro para o funcionamento da administração federal.

O presidente indicou que o compromisso exigiu de cada um, incluindo a ele mesmo, a realização de concessões em temas considerados de importância por ambas as partes.

"Alguns dos cortes que fizemos serão dolorosos, as pessoas que trabalham nestes programas confia em poder reduzi-los; alguns projetos necessários de infraestrutura serão adiados", estimou Obama.

Mas, ponderou, "começar a viver com nossos recursos é a única maneira de proteger esses investimentos, que ajudarão os Estados Unidos a competir por novos empregos, investir na educação de nossas crianças e em empréstimos para estudantes; em energias limpas e na pesquisa médica para salvar vidas".

O acordo também removeu o que os democratas consideravam o maior obstáculo: a medida apresentada pelos republicanos que cortava a verba federal para clínicas de planejamento familiar que praticam aborto.

O líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid, havia adiantado que o principal obstáculo era o financiamento das clínicas de aborto: "no que se refere às questões orçamentárias, tudo está resolvido, o aborto é a única questão não acertada...".

"As discussões nada têm a ver com cifras. Isso tudo diz respeito à saúde das mulheres, é uma batalha ideológica".

As duas partes também acertaram trabalhar conjuntamente sobre um orçamento "ponte" que manterá o funcionamento do governo até a redação do acordo definitivo.

Por falta de uma lei orçamentária para o ano fiscal de 2011, os serviços não essenciais da administração federal corriam o risco de paralisação a partir da meia-noite local (1h Brasília) desta sexta-feira.