As manifestações começaram na Síria há mais de três semanas e ganham força, com dezenas de milhares de pessoas pedindo reformas no regime autoritário do presidente Bashar al-Assad. Mais de 170 pessoas já foram mortas na repressão aos protestos, segundo grupos pelos direitos humanos.
Leia Mais
Quatro morrem em protestos na Síria, dizem testemunhasForças sírias atiram para dispersar cortejo fúnebre22 pessoas morrem em manifestação anti-governo na SíriaMilhares de manifestantes pedem liberdade na SíriaSoldado é morto por snipers em cidade síriaOposição pede que Liga Árabe adote sanção contra SíriaCom o número de mortes aumentando, porém, outros na comunidade internacional fizeram críticas. A França condenou duramente a violência hoje, qualificando-a como "inaceitável" e pedindo reformas imediatas. "Reforma e repressão são incompatíveis", afirma um comunicado do Ministério das Relações Exteriores da França.
Um porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, criticou a contínua repressão aos manifestantes. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse a Assad, em conversa por telefone, que estava "bastante perturbado" pelos relatos de violência. Segundo Ban, a morte de manifestantes pacíficos é inaceitável e deve ser investigada.
A maioria das manifestações na Síria até agora ocorreu fora da capital. O fato de estudantes se reunirem em Damasco hoje sugere que os manifestantes ganham força. Um ativista disse que a maioria dos estudantes no protesto era de Deraa, cidade do sul que tem sido o epicentro da violência, e da cidade portuária de Banias - 300 quilômetros a noroeste da capital, Damasco -, onde quatro estudantes foram mortos ontem.
Hoje, cerca de 2 mil pessoas foram ao funeral das quatro vítimas segundo testemunhas, gritando que "a morte é melhor que a humilhação". Os militares entraram em Banias nesta manhã, tomando posições em áreas estratégicas, porém o Exército se retirou horas depois e manteve posições nas proximidades.
Segundo uma testemunha, escolas e lojas estavam fechadas em Banias por causa do temor de mais confrontos. A fonte disse que a ida do Exército foi recebida com alívio, pois os militares não atuam como as "gangues contratadas pelo regime".
O governo atribui a violência no país a gangues. Ontem, a televisão estatal afirmou que assassinos mataram nove soldados em uma emboscada perto de Banias. O suposto ataque aos militares não pode ser confirmado por fontes independentes, pois o governo impôs restrições severas à cobertura e muitos jornalistas, inclusive da Associated Press, receberam ordens para deixar o país.
Assad realizou aberturas para tentar conter os protestos, incluindo substituir funcionários locais e conceder nacionalidade síria a milhares de curdos, uma minoria longamente esquecida. Mas os gestos não satisfizeram os manifestantes, que exigem liberdades políticas e o fim das leis de emergência em vigor há décadas.
Ontem, Assad ordenou a libertação de 191 detentos presos nas últimas semanas durante protestos no subúrbio da capital de Douma, onde 12 pessoas foram mortas a tiros na última sexta-feira. As informações são da Associated Press.