Um grupo coordenado pela embaixada do Brasil em Tóquio doou um total de 300 bicicletas e 5 mil litros de álcool para ajudar as vítimas do terremoto e tsunami que atingiram o país há um mês.
Duzentas bicicletas e 2 mil litros foram entregues no domingo às prefeituras das cidades de Minami Sanriku e de Ishinomaki, ambas na Província de Miyagi, que farão a distribuição para a população. Outras cem bicicletas e mais 3 mil litros de álcool serão levados para outras cidades.
O álcool será utilizado para esterilizar objetos reutilizados e manuseados por muitas pessoas, como talheres.
Os abrigos japoneses pediram o produto para diminuir o risco de doenças entre os desabrigados, agravado pela falta de água e pelo acúmulo de pessoas em locais fechados.
Já as bicicletas são os principais meios de locomoção nas cidades devastadas pelo tsunami. Carros só são utilizados em situações de emergência, devido à pouca disponibilidade de combustível.
Impulso à economia
“Esse é um movimento da comunidade brasileira com a participação da embaixada e de empresas brasileiras, que pagaram pelas doações”, explicou a diplomata Patrícia Côrtes, responsável pelo setor de Comunidade.
Ela afirmou que o material comprado é de fabricação japonesa, pois é uma forma a mais de ajudar na recuperação da economia local. “Esse trabalho será contínuo daqui para frente”, disse.
Carlos Shinoda, presidente do Conselho de Representantes de Brasileiros no Exterior (CRBE), disse que os brasileiros que moram no Japão estão colaborando de forma intensa nas campanhas.
“Mas muitos não sabem como ajudar mais, por isso fizemos um trabalho de levantamento das necessidades com as prefeituras e, a partir de agora, vamos organizar outras atividades e arrecadações direcionadas."
O movimento ganhou o nome de Brasil Solidário. “Como agora é começo de ano letivo, também estamos arrecadando material escolar para as crianças”, disse Shinoda.
Voluntários
Cidadãos de outras nacionalidades e milhares de japoneses também se engajaram em ações voluntárias para ajudar as vítimas nas regiões mais atingidas.
Organizados por times, os voluntários se revezam na preparação de comida para os desabrigados, auxílio médico, recreação infantil, limpeza das casas e diversos outros serviços.
O estudante universitário Shota Anzai, de 19 anos, passa o dia inteiro separando roupas e outras doações para serem encaminhadas para os abrigos.
“É um trabalho cansativo, mas que dá um prazer enorme, pois sei que estou ajudando outras pessoas”, resume o jovem.
Ele mora em Sendai, capital da Província de Miyagi, e viaja cerca de uma hora de carro todos os dias até Yamamoto. “Vou continuar ajudando até as aulas começaram, em maio”.
O brasileiro Norberto Shinji Mogi, de 46 anos, já foi duas vezes com outros dois colegas ajudar na limpeza de casas e remoção de entulhos das ruas e pretende ir outras vezes.
“O que senti desta última vez foi que as coisas estão ‘melhorando’. O desespero já não domina as pessoas e o que se vê é uma população trabalhando para um recomeço.”