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Estado de Minas

Operadora de usina no Japão quer controlar crise nuclear até o fim do ano


postado em 17/04/2011 08:12 / atualizado em 17/04/2011 09:02



Sob pressão do governo japonês, empresa divulga cronograma para resolução da crise(foto: REUTERS/Kyodo)
Sob pressão do governo japonês, empresa divulga cronograma para resolução da crise (foto: REUTERS/Kyodo)


A operadora da usina nuclear de Fukushima, Tokyo Electric Power (Tepco), disse neste domingo que precisará de nove meses para controlar a crise nuclear originada após o tsunami e o terremoto de 11 de março.

O presidente da empresa, Tsunehisa Katsumata, disse em uma entrevista coletiva em Tóquio que a companhia precisará de três meses para conter os vazamentos e de nove para resfriar totalmente os reatores.

Enquanto isso, o plano é permitir às famílias evacuadas do entorno da usina que voltem às suas casas o mais rápido possível. "Pedimos sinceras desculpas pelo transtorno. Estamos fazendo o possível para evitar que a crise piore", disse Katsumata.

Na sexta-feira, a medição dos níveis de radiação no mar próximo do reator número 2 da usina registrou 6,5 mil vezes o limite legal, comparado a 1,1 mil vezes além do limite legal medido apenas um dia antes.

O registro gerou preocupações com a possibilidade de um novo vazamento na estrutura. Desde o início do desastre, os técnicos têm sido impossibilitados de entrar nos edifícios dos reatores.

Neste domingo, a empresa enviará dois robôs controlados por controle remoto para os edifícios a fim de medir o nível de radiação e a temperatura do lado de dentro.

Os robôs da firma britânica QinetiQ são controlados por um joystick como o de videogames e podem realizar tarefas como limpeza de detritos, demolição e teste de radiação.

Crise

O repórter da BBC Roland Buerk, que está em Tóquio, disse que a prioridade absoluta da Tepco é interromper o vazamento de água radioativa para o Oceano Pacífico.

Entretanto, disse o repórter, há dúvidas sobre se nove meses são suficientes para a empresa resfriar os reatores afetados em Fukushima.

O governo japonês tem pressionado a Tepco a liberar um cronograma de resolução da crise, agora classificada no mesmo nível de gravidade que o desastre de Chernobyl, em 1986.

Analistas estimam que a conta de recuperação pode chegar a US$ 300 bilhões – o desastre mais caro da história –, mas o governo japonês afirma que o valor é exagerado.

Na sexta-feira, a Tepco anunciou que começará a indenizar moradores que tiveram de deixar suas casas ou ficar trancados em casa por conta da crise nuclear.

Quase 14 mil pessoas morreram nos desastres e outras 14 mil estão desaparecidas. No plano diplomático, continuam as demonstrações de solidariedade com o Japão.

A secretária americana de Estado, Hillary Clinton, disse em uma breve visita ao país que acredita na capacidade dos japoneses de emergir desta crise como fez após a Segunda Guerra Mundial.

Hillary foi recebida pelo primeiro-ministro, Naoto Kan, e se encontrou com o imperador Ahikito no Palácio Imperial, um privilégio normalmente apenas concedido a chefes de Estado.

Os EUA enviaram inúmeros navios e aeronaves, assim como 20 mil soldados para ajudar nos esforços de emergência.

Brasil


No sábado, o ministro das brasileiro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, também levou uma mensagem de solidariedade ao povo e ao governo japonês.

Ele disse que o Brasil quer participar de perto da reconstrução do país através da "intensificação da nossa parceria econômica, através de laços comerciais mais estreitos e de cooperação em diversas outras áreas, principalmente a tecnológica".

Durante uma entrevista coletiva de imprensa, o chanceler japonês, Takeaki Matsumoto, prometeu manter informado o governo brasileiro sobre o problema nuclear na usina de Fukushima e pediu uma redução das restrições brasileiras às importações de produtos japoneses, sobretudo alimentares.

Patriota garantiu que o Brasil não está adotando medidas mais restritivas do que outros países, e que o Brasil está se baseando em critérios acordados pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para restringir a importação de alguns produtos japoneses.


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