Rebeldes líbios recuam no leste, mas resistem em Misrata
Bloqueadas durante longo tempo em torno de Ajdabiya, as tropas insurgentes haviam progredido no sábado até o porto petroleiro de Brega, situado 80 km a oeste, graças aos bombardeios aéreos da Otan. "As tropas de Kadhafi estão bombardeando entrada oeste. Podemos ouvir disparos dos canhões. Elas estão se aproximando. Por isso, as pessoas estão fugindo", declarou à AFP Omar Salim Mufta, um habitante da cidade.
No entanto, a localização exata das tropas de Kadhafi era difícil de determinar. Para um rebelde de 24 anos, Kemal Abdel Mohamed Abdel, elas estão a uns 20 km de Ajdabiya, mas para Milud Ghait, de 48 anos, as forças governamentais estão na saída oeste da cidade. Ghait lamentou ainda que a Otan não tenha intercedido contra elas.
No sábado, os disparos de foguetes das forças governamentais a meio caminho entre Ajdabiya e Brega causaram oito mortos e 27 feridos, segundo o último balanço fornecido no domingo à AFP por fontes do hospital de Ajdabiya.
Em compensação, mais a oeste, em Misrata, 200 km a leste de Trípoli, os bombardeios das forças de Kadhafi não foram tão intensos como nas noites anteriores.
Os rebeldes afirmaram ter atacado com êxito posições inimigas e ter obrigado os franco-atiradores a retroceder na principal rua da cidade.
Os rebeldes de Misrata, mais bem organizados que em outras partes do país, destruíram no sábado quatro tanques escondidos em casas para evitar os bombardeios da Otan, depois de tomar posse de um campo do exército governista.
Em vários bairros da cidade, eram vistos restos de bombas de fragmentação, constatou a AFP.
O regime de Khadafi negou o uso destas bombas, denunciado na sexta-feira pela organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW).
"De nenhuma maneira. Nem moralmente, nem legalmente podemos fazer isso contra nossa população civil. Quando estas bombas são utilizadas, as provas são mantidas durante dias e semanas", disse Mussa Ibrahim, porta-voz do governo, aos repórteres.
Para Ibrahim, as alegações da HRW são "surrealistas". "Baseiam-se nos testemunhos dos rebeldes ou em ligações telefônicas para os seus escritórios nas capitais europeias", afirmou.
As bombas de fragmentação, proibidas internacionalmente desde 2010, podem matar ou mutilar a dezenas de metros imediatamente, ou posteriormente, se alguma das bombas não explodir logo.