Jornal Estado de Minas

França defende decisão de barrar trem com imigrantes

BBC
A França defendeu nesta segunda-feira a decisão de impedir a entrada no país de um trem com dezenas de imigrantes tunisianos, que haviam partido da cidade italiana de Ventimiglia no domingo.

De acordo com a comissária europeia do Interior, Cecilia Malmström, as autoridades francesas citaram "razões de ordem pública" para justificar a medida. "Aparentemente, eles têm o direito de fazer isso", disse a comissária.

Um porta-voz da Comissão Europeia afirmou ainda que a França não tem a obrigação de permitir a entrada de imigrantes com vistos de residência temporária concedidos pela Itália.

A Itália protestou contra a decisão francesa e afirmou que a medida viola as regras da União Europeia sobre a livre circulação no bloco.

"Se a situação persistir, economizaríamos tempo ao dizer simplesmente que mudamos de ideia a respeito da livre circulação, que é um dos princípios fundamentais da União Europeia", disse o ministro italiano das Relações Exteriores, Franco Frattini, de acordo com o jornal La Repubblica.

Os italianos argumentam que as pessoas que vivem legalmente nos 25 países da União Europeia que assinaram o tratado de Schengen (incluindo França e Itália) não precisam apresentar documentos de viagem às autoridades da região.

Protesto

Na manhã desta segunda-feira, o Ministério do Interior francês afirmou que a linha de trem entre Menton, na França, e Ventimiglia, na Itália, voltou a operar normalmente.

Segundo as autoridades francesas, o episódio de domingo foi provocado por um "problema isolado" causado por centenas de ativistas em um trem que planejavam uma manifestação na França e representavam um "problema à ordem pública de natureza temporária".

"Em nenhum momento houve um fechamento da fronteira entre a França e a Itália", disse o porta-voz Pierre-Henri Brandet.

O governo francês estima que até dez trens podem ter sido afetados pela interrupção do serviço - cinco de cada lado da fronteira.

O ministro do Interior da França, Claude Gueant, afirmou que seu país respeita o tratado de Schengen, mas acrescentou que futuros imigrantes tunisianos não poderão cruzar a fronteira se não demonstrarem que têm recursos suficientes para permanecer no país.

Vistos temporários

A Itália concedeu as permissões temporárias a cerca de 26 mil imigrantes que entraram ilegalmente no país para escapar da violência que causou a queda do governo na Tunísia.

Muitos destes imigrantes afirmam que seu objetivo é chegar à França, onde têm parentes.
A recente crise política em diversos países no norte da África fez crescer a preocupação com a imigração ilegal na Itália e em outros países europeus.

No início do mês, os governos da França e da Itália concordaram em fazer um patrulhamento conjunto das fronteiras marítimas e terrestres para tentar barrar o fluxo de milhares de pessoas que chegam à Europa da Tunísia, do Egito e da Líbia.