O anúncio da morte do fundador da rede extremista Al-Qaeda, Osama Bin Laden, em uma operação das forças americanas, deverá fortalecer a imagem do presidente Barack Obama como líder, diz a imprensa dos Estados Unidos. "Enquanto o trabalho de caçar e capturar Bin Laden foi um processo que levou décadas e envolveu três presidentes - isso sem mencionar milhares de pessoas -, foi o presidente Obama que deu a ordem hoje (domingo) para colocar em curso a operação que matou Bin Laden", escreveu em sua coluna no site do jornal The Washington Post o analista político Chris Cilliza.
"Foi o presidente Obama que anunciou a morte de Bin Laden. Foi o presidente Obama que, em seu pronunciamento nesta noite, usou a morte de Bin Laden como evidência de que a América pode conquistar qualquer qualquer objetivo que determinar", disse Cilliza.
Obama anunciou a morte de Bin Laden às 23h30 de domingo (0h30 de segunda no Brasil), em um pronunciamento transmitido pela TV. O presidente disse que a operação que resultou na morte do homem acusado de ser o mentor dos ataques de 11 de setembro de 2001 foi autorizada por ele na semana passada.
No domingo, forças americanas colocaram a operação em prática, em um complexo próximo à cidade de Islamabad, no Paquistão.
Assim que os rumores da morte de Bin Laden começaram a surgir na internet, antes mesmo do anúncio oficial de Obama, milhares de pessoas já se aglomeravam em frente à Casa Branca, com bandeiras americanas, para comemorar a morte daquele que era o inimigo número 1 dos Estados Unidos. A cena se repetiu em Nova York.
Vitória
"O anúncio do presidente Obama, no fim da noite de domingo, de que Osama Bin Laden havia sido morto transmitiu não apenas o tão esperado triunfo na área de segurança nacional para os Estados Unidos, mas também uma significativa vitória para Obama, cuja política externa tem sido objeto de persistente criticismo por parte de seus rivais", diz uma matéria do jornal The New York Times.
"O desenrolar (dos fatos anunciados por Obama) é quase certamente um dos momentos mais significativos e definidores de sua presidência", diz o artigo.
Bin Laden ocupava o primeiro lugar na lista de criminosos mais procurados pelos Estados Unidos e era acusado de dezenas de atentados, entre eles os de 11 de setembro de 2001, que mataram cerca de 3 mil pessoas no World Trade Center, em Nova York, e no Pentágono, em Washignton.
Desde antes de 2001 as forças americanas tentavam capturar Bin Laden, também acusado de ordenar os atentados a duas embaixadas americanas no Leste da África em 1998. Logo após o 11 de setembro, o então presidente, George W. Bush, prometeu capturar Bin Laden. Antes dele, Bill Clinton já havia tentado o mesmo. Neste domingo, Obama telefonou aos dois antecessores para avisar sobre o pronunciamento que faria logo em seguida.
Segundo o New York Times, a morte de Bin Laden permite a Obama reivindicar a maior vitória em segurança nacional da década, algo não obtido por Bush durante seus oito anos de mandato.
Política externa
A notícia chega também em um momento em que Obama enfrenta críticas em relação à sua política externa, em meio ao envolvimento americano nas operações internacionais na Líbia. "Instantaneamente dá brilho a suas credenciais em política externa, em um momento em que ele tem sido questionado em suas decisões sobre o Oriente Médio", diz o New York Times.
A morte de Bin Laden também poderá dar novo fôlego à popularidade de Obama, neste início de campanha para um segundo mandato na Casa Branca e no momento que enfrenta uma oposição acirrada do Partido Republicano, desde novembro passado no comando da Câmara dos Representantes (deputados federais).
Analistas já preveem que as divergências partidárias no Congresso sejam colocadas de lado diante da vitória, assim como ocorreu logo após os atentados de 11 de setembro de 2001.