Ativistas resgataram cerca de 500 cães destinados a virar comida na China, em um caso que mostra o crescimento do movimento de defesa dos animais no país, segundo o correspondente da BBC em Pequim Michael Bristow.
Os voluntários interceptaram um caminhão que levava os animais em Pequim e compraram os cachorros do caminhoneiro por US$ 18 mil (R$ 29 mil), depois de uma batida envolvendo a polícia.
Aglomerados em gaiolas, os animais estavam sendo levados para o nordeste da China, para serem vendidos a restaurantes.
Alguns dos cães resgatados estavam doentes. Muito apertados no caminhão, eles haviam arranhado e mordido uns aos outros. Além disso, vários tinham parvovírus, um vírus potencialmente fatal que ataca os intestinos e o coração dos caninos.
A carne de cachorro é consumida por muitos séculos na China, onde várias pessoas acreditam que ela tem propriedades medicinais.
A batida, feita em um pedágio no último dia 15 de abril, durou 15 horas. Finalmente, em um ato de desespero, os ativistas usaram seu próprio dinheiro para comprar os cães do motorista.
A polícia, que apareceu no local, alegou que não poderia fazer nada para intervir, já que o caminhoneiro não estava desrespeitando qualquer lei.
Redes sociais
Os ativistas resolveram agir quando receberam a
informação de que um carregamento de cães estava passando por Pequim.
Quando ficou sabendo do caso, o voluntário Wang Qi, que trabalha para a Associação Protetora dos Pequenos Animais da China, publicou a informação por meio de redes sociais para levar mais pessoas a parar o caminhão.
"Mandei a mensagem e então corri para o local. As pessoas começaram a chegar lá uma hora depois. No total, eram quase 300 pessoas", disse Wang à BBC.
Acompanhados de voluntários, alguns animais foram levados a mais de 20 hospitais veterinários, enquanto outros foram levados para recuperação na sede da associação.
Visitas
Informações sobre o resgate se espalharam rapidamente, com centenas de voluntários e amantes dos animais visitando o local nos dias que se seguiram.
Na sede da associação, o correspondente da BBC falou com uma aposentada de 80 anos e sua filha, que apareceram com um carro cheio de ração para cachorro, que doaram à entidade.
"Eu já havia ouvido falar da organização, mas eu nunca estive aqui antes. Pensei em vir e fazer o possível", disse a mulher.
Outras pessoas ficaram comovidas com o drama do resgate e com as más condições de vários dos cães que se recuperavam.
"Eu trouxe um pouco de ração, me sinto muito mal", disse à BBC a chinesa Qi Jing, sem esconder as lágrimas.
De acordo com Bristow, o episódio mostra como um número cada vez maior de chineses agora veem os cães e gatos mais como animais de estimação, e menos como fonte de proteína.
A fundadora da Associação Protetora dos Pequenos Animais, Lu Di - que vive com cerca de cem cães e gatos -, afirma que a lei chinesa não protege apropriadamente os animais de estimação, levando cidadãos comuns a defendê-los por iniciativa própria