A decisão sobre o futuro da guerra no Afeganistão, que completa uma década em setembro, não está em solo afegão nem depende de uma vitória militar sobre a insurgência do Taleban. A descoberta e morte do líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden, em uma área militar da cidade paquistanesa de Abbottabad, foi a pá de cal sobre a já frágil confiança dos EUA no compromisso do Paquistão contra o terrorismo.
Sem um parceiro em quem confiar, o Afeganistão, vizinho ao arqui-inimigo Irã, dos países da ex-União Soviética e da China, passa a ser terreno crucial para a permanência de tropas americanas e a guerra, um pretexto para Washington garantir presença militar na região.
“Os EUA estão construindo grandes bases militares no Afeganistão e nada indica que deixarão esses postos, mesmo depois de 2014. Os afegãos sempre tiveram o receio de se tornar uma base americana permanente”, disse ao Estado um dos mais respeitados colunistas de política externa do Paquistão, Ayaz Amir, que escreve para o diário The News. “A relação com o Paquistão vem se agravando não é de hoje e se tornou um desafio após o episódio da morte de Bin Laden.”
O desembarque, ontem, do diretor do serviço secreto paquistanês, general Shuja Pasha, em Washington para dar explicações ao presidente Barak Obama sobre a presença do líder da Al-Qaeda no Paquistão mostra que o momento entre as duas nações é sensível. “A ida do chefe do ISI para Washington é uma tentativa de dar um ar de normalidade à essa relação, mas não é verdadeira”, diz Amir.
Será o progresso real dessa relação que definirá a o ritmo da retirada das tropas americanas do país vizinho, marcada para começar em junho e terminar até 2014. Os EUA exigem maior compromisso do Paquistão na luta contra o terror.