O primeiro-ministro do Paquistão, Yousef Raza Gilani, afirmou nesta segunda-feira que são "absurdas" as alegações de cumplicidade com a rede Al-Qaeda e de incompetência do governo para localizar o líder da organização, Osama Bin Laden.
Bin Laden foi morto no último dia 1º, na cidade paquistanesa de Abbottabad, durante operação realizada por uma unidade de elite da Marinha americana. O líder da Al-Qaeda se encontrava em uma mansão localizada a poucos metros da sede da Academia Militar paquistanesa.
Falando perante o Parlamento paquistanês, Gilani disse que a missão do governo é eliminar o terrorismo. "Nós não convidamos a Al-Qaeda para dentro do Paquistão", afirmou o premiê.
O primeiro-ministro afirmou ainda que ações unilaterais como a realizada pelos Estados Unidos na semana passada trazem o risco de graves consequências. Segundo Gilani, o Paquistão reserva para si o direito de proteger a sua soberania.
De acordo com o premiê, o serviço de inteligência paquistanês (ISI), acusado de colaborar com a Al-Qaeda, é um "bem nacional" e tem a total confiança do governo do Paquistão.
Impopularidade
O Paquistão está sendo cada vez mais pressionado pelos Estados Unidos para que explique como foi possível que o líder da Al-Qaeda vivesse por tanto tempo - cinco anos - a poucos metros da sede da Academia Militar do país.
No domingo, o presidente americano, Barack Obama, pediu que o governo paquistanês investigasse a rede de apoio que ajudava Osama Bin Laden e se alguma autoridade do país sabia do paradeiro do líder da rede extremista.
"Não sabemos se havia algumas pessoas dentro do governo (paquistanês), pessoas de fora do governo, e isto é algo que temos que investigar e, mais apropriadamente, o governo paquistanês precisa investigar", disse Obama.
A correspondente da BBC no Paquistão Jill McGivering afirma que o governo de Islamabad já prometeu uma investigação a respeito disto, mas que os Estados Unidos nutrem suspeitas sobre o rigor deste inquérito.
Segundo o repórter da BBC em Abbottabad Aleem Maqbool, muitos paquistaneses acham que, dado o tempo em que o líder da Al-Qaeda viveu perto do centro de formação militar e dado as declarações que as autoridades vinham dando nos últimos anos sobre o paradeiro de Bin Laden - de que ele não estaria no Paquistão ou de que estaria morto -, há um sentimento generalizado de que o governo paquistanês ou é muito incompetente ou tem enganado a população.
Mais cedo, uma multidão realizou protestos nas áreas tribais do Paquistão contra a morte do líder da Al-Qaeda.
Cerca de 500 manifestantes realizaram uma passeata na cidade de Wana, na província do Waziristão do Norte (noroeste do país), carregando cartazes que atacavam os Estados Unidos e o governo paquistanês.