Os extremistas do Talebã no Afeganistão decidiram mergulhar no Twitter para trocar e divulgar informações sobre suas atividades.
A milícia, que já tem mais de 3 mil seguidores no site de microblogging, vem postando mensagens em patane (uma das línguas faladas no Afeganistão) há dois meses, mas há pouco tempo começou a postar também em inglês. Há conta é @alemarahweb.
Um tweet recente afirma que “um avião espião dos Estados Unidos foi abatido em Wardag (província no centro do país)” e grande parte das mensagens reverencia o que eles qualificam como supremacia do grupo.
Segundo o Centro Internacional de Estudo do Radicalismo, esse é mais um sinal de como o Talebã, que costumava rechaçar novas tecnologias por considerá-las anti-islâmicas, agora decidiu ser mais pragmático sobre como espalhar suas ideias.
Apesar de essa não ser a primeira vez que o Talebã usa a internet para divulgar suas mensagens, elas agora têm seu alcance multiplicado por causa da popularidade das mídias sociais. O fácil acesso do Twitter via celular também o torna mais atraente para os grupos radicais.
Relatos de grupos que promovem violência, terrorismo, homofobia, antissemitismo e outras formas de intolerância na internet cresceram 20% no último ano, de acordo com o Centro Simon Wiesenthal.
Perfis bloqueados
As mídias sociais costumam a banir as páginas de pessoas ou grupos que propagam o ódio ou a violência.
No entanto, os responsáveis por redes sociais afirmam que o problema é que, à medida que alguns perfis são bloqueados, muitos outros são criados.
Outra maneira encontrada pelos extremistas para driblar o controle é usar contas pessoais e não com o nome da organização.
“Um perfil no Facebook criado por algum extremista não costuma ter um número gigantesco de seguidores – algumas centenas no máximo”, afirma Segundo Mohamed Yehia, editor da BBC Árabe. “Se o número de seguidores aumenta, as pessoas costumam notar e enviar mensagens ao Facebook reclamando da natureza dos comentários, e a página é fechada.”
O analista William McCants, do Centro de Estudos Estratégicos dos EUA, analisa mensagens de grupos insurgentes e extremistas em seu blog Jihadica. Em entrevista ao editor de mídias sociais da BBC, Alberto Souviron, McCants disse que, como as contas no Facebook e no Twitter são facilmente fechadas, muitos continuam usando fóruns de discussão online, como fazem desde 2005.
Farc e Hamas
Outras organizações, como as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), o grupo militante libanês Hezbollah e o palestino Hamas, também usam Twitter, Facebook e outras redes sociais para manter contato com seus seguidores.
A Farc até chegou a ter um site oficial (www.farcep.org), disponível em vários idiomas. Mas o endereço foi tirado do ar.
No entanto, o grupo rebelde colombiano – assim como outros grupos – encontrou outras maneiras de driblar o controle. Uma delas é a ANNCOL, uma agência de notícias que costuma difundir as mensagens da guerrilha.
Se o uso do Twitter por extremistas é uma tendência é cedo para dizer. Mas como encontrar simpatizantes é uma boa maneira de recrutar defensores da causa, mídias sociais como o Twitter parecem ser o local ideal para tal tarefa.