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Estado de Minas

Parlamento do Paquistão condena ação que matou Bin Laden


postado em 14/05/2011 07:51 / atualizado em 14/05/2011 08:26

Ativistas paquistanesas protestam em frente ao Parlamento, em Islamabad(foto: Farooq Naeem/AFP)
Ativistas paquistanesas protestam em frente ao Parlamento, em Islamabad (foto: Farooq Naeem/AFP)



O Parlamento do Paquistão condenou neste sábado a operação americana que matou Osama Bin Laden no início do mês e pediu uma revisão das relações do país com os Estados Unidos. Os parlamentares paquistaneses também pediram uma investigação independente sobre a morte do líder da Al-Qaeda e aprovaram por unanimidade uma resolução pela proibição do trânsito de comboios da Otan pelo país enquanto os Estados Unidos não interromperem seus ataques aéreos com aeronaves não-tripuladas no território paquistanês.

A sessão do Parlamento que debateu a operação americana para matar Bin Laden foi realizada após o atentado duplo que matou ao menos 80 pessoas em um centro de treinamento paramilitar no noroeste do país, na manhã da sexta-feira.

O Talebã paquistanês assumiu a autoria pelo ataque, que deixou também cerca de 120 pessoas feridas. Segundo o grupo, o atentado foi uma vingança pela morte de Bin Laden.

A operação americana do dia 2 de maio que matou o líder da Al-Qaeda na casa em que ele se escondia, na cidade de Abbottabad, estremeceu as relações entre os governos do Estados Unidos e do Paquistão.

Membros do Congresso americano vêm pedindo que o governo corte a ajuda anual de bilhões de dólares enviada ao Paquistão, sob o argumento de que Bin Laden não poderia estar vivendo no local sem a ajuda ou o conhecimento de autoridades paquistanesas. O governo do Paquistão nega que soubesse do paradeiro de Bin Laden ou que o estivesse ajudando.


Soberania

Na sessão terminada neste sábado, após mais de dez horas de discussões, o Parlamento em Islamabad afirmou que a operação americana foi uma violação da soberania do Paquistão.

“O povo do Paquistão não vai mais tolerar tais ações e a repetição de medidas unilaterais que podem ter consequências diretas sobre a paz e a segurança da região e do mundo”, afirma a resolução.

O texto também diz que deve haver uma investigação para “estabelecer a responsabilidade e recomendar as medidas necessárias para assegurar que tal incidente não se repita”.

A resolução também classifica como “inaceitável” o uso pelos Estados Unidos de aeronaves não tripuladas para bombardear militantes extremistas perto da fronteira com o Afeganistão.

O texto diz que se os ataques não forem interrompidos, o governo deveria considerar interromper o trânsito de suprimentos por seu território para as forças da Otan no Afeganistão.

Os Estados Unidos teriam feito mais de cem ataques aéreos com aeronaves não tripuladas somente no ano passado.
O governo paquistanês vinha dando aprovação tácita aos ataques aéreos americanos, apesar de os líderes do país sempre terem negado apoio aos ataques.

Nos últimos meses, altos funcionários dos serviços de segurança paquistanês estariam pressionando pela limitação a operações do tipo, por conta da reação negativa do público por causa das vítimas civis dos ataques.

Durante a sessão do Parlamento terminada neste sábado, chefes do Exército paquistanês depuseram para explicar suas ações no episódio da morte de Bin Laden.

O general Ahmed Shujaa Pasha, chefe dos serviços de segurança do Paquistão, teria dito aos parlamentares que ofereceu sua renúncia após a operação, mas que ela foi negada pelo comandante do Exército.


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