O ex-diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, foi liberado sob palavra nesta sexta-feira, ou "por sua própria intimação", uma figura jurídica segundo a qual ele poderá simplesmente prometer que aparecerá à corte durante o tempo em que tramitar seu processo.
Depois de viver um mês e meio de pesadelo, Strauss-Kahn, vestido de terno escuro e gravata celeste, saiu sorrindo do tribunal, abraçado à esposa, Anne Sinclair. A suposta vítima, a camareira guineana de 32 anos, do hotel Sofitel de Nova York, acusou Strauss-Kahn de querer estuprá-la no dia 14 de maio passado.
O ex-diretor-gerente do FMI havia declarado inocência, no dia 6 de junho passado, de sete acusações por crimes sexuais, segundo um grande júri, e se viu forçado a renunciar ao cargo no Fundo Monetário Internacional (FMI). O futuro do caso parece ter-se tornado incerto depois que autoridades americanas colocaram em dúvida a credibilidade da suposta vítima de Strauss-Kahn.
Segundo o jornal The New York Times, investigadores do caso chegaram à conclusão de que a camareira mentiu repetidamente em seus depoimentos, podendo também ter mentido em seu pedido de asilo aos Estados Unidos. Ainda de acordo com o The New York Times, apesar de os testes forenses terem mostrado indícios de contato sexual entre ele e a camareira, os promotores questionam as circunstâncias do episódio.
Durante a audiência desta sexta-feira, ficou claro que a camareira prestou falso testemunho ao júri, omitindo o fato de que ela limpou outro quarto, antes de transmitir ao supervisor do hotel a denúncia de que havia sido atacada sexualmente, revelaram os promotores.
"A autora da queixa, desde então, admitiu que o depoimento era falso e que, logo depois do incidente no quarto 2086, passou a limpar um quarto próximo e só depois fez o mesmo no 2086, antes de denunciar o caso a seus supervisores", contaram os promotores, segundo documentos do tribunal.
Segundo um dos advogados de defesa, Benjamin Brafman, Strauss Kahn será declarado inocente. Os últimos elementos relacionados ao caso "reforçam nossa convicção de que será declarado inocente (...). É um grande alívio", disse Brafman.
A reviravolta do caso começou a se materializar na quinta-feira, com revelações do jornal New York Times de que a polícia havia levantado questões relacionadas à solicitação de asilo feita pela camareira e descoberto vínculos não confirmados de atividade criminosa, como a participação em lavagem de dinheiro e tráfico de drogas.
Várias pessoas chegaram a depositar dinheiro na conta bancária da suposta vítima nos últimos dois anos, num total de 100.000 dólares. Além disso, durante uma conversa gravada dela com um preso, logo no início do caso, a mulher fez perguntas "sobre se deveria ou não dar continuidade às acusações" contra Strauss-Kahn, afirmou o jornal.