Tropas sob o comando de um ex-combatente rebelde estupraram 121 mulheres na região de Kivu do Sul da República Democrátia do Congo (RDC) entre 11 e 13 de junho, disse nesta sexta-feira um porta-voz da ONU.
"De acordo com as entrevistas dadas ao pessoal médico, as autoridades locais e as supostas vítimas, as tropas estupraram 121 mulheres. Também foram feitos saques", disse o porta-voz adjunto Farhan Haq em coletiva em Nova York.
A informação foi recolhida pelos membros de uma missão da ONU e pelo pessoal da Agência das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur). Espera-se que uma segunda missão seja feita em Niakele nos próximos dias, completou o porta-voz.
Pouco depois dos ataques sexuais, o advogado Jean-Marie Ngoma disse que o coronel Niragire Kifaru e os cerca de 200 soldados sob seu comando foram os responsáveis.
O coronel Vianney Kazarama, porta-voz das forças armadas da República Democrática do Congo (Fardc) no sul de Kivu, tinha negado anteriormente que o coronel Kifaru estivesse envolvido nos estupros.
Kazarama admitiu que Kifaru tinha desertado e "se isolado na selva, porque queria que as tropas (que tinham sido integradas ao exército regular) fossem levadas em conta, porque não tinham água nem nada para comer".
Kifaru é um ex-membro da milícia tribal Mai Mai que se incorporou ao exército nacional.
A ONU, grupos de direitos humanos e governos estrangeiros denunciaram a impunidade dos crimes atrozes cometidos pelos soldados na RDC.
Margot Wallstrom, representante especial das Nações Unidas na luta contra a violência sexual nos conflitos, no passado se referiu à RDC como "capital do estupro" do mundo.