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Acusações de estupro nos EUA contra o ex-chefe do FMI deverão ser arquivadas

AFP
Nessa sexta-feira, DSK foi colocado em liberdade da prisão domiciliar depois que a promotoria colocou em dúvida a credibilidade da vítima - Foto: REUTERS/Lucas Jackson/Files
A promotoria de Nova York vai arquivar nas próximas semanas todas as acusações de agressão sexual contra o ex-chefe do FMI, Dominique Strauss-Kahn, por causa das dúvidas que pesam sobre a credibilidade da autora da ação, informou nesta terça-feira o jornal New York Post. "Todos sabemos que este caso não é sustentável", indicou uma fonte ligada à investigação e citada pelo jornal.

Segundo a fonte, o arquivamento deverá ser anunciado na próxima audiência de Strauss-Kahn, prevista para dentro de duas semanas, ou mesmo até antes. "A credibilidade (da autora da ação) é tão ruim que sabemos que não podermos fundamentar um caso com ela", acrescentou a fonte, referindo-se à camareira do hotel oriunda da Guiné e que acusou Strauss-Kahn de tentar estuprá-la quando ela foi limpar a suíte do hotel Sofitel de Nova York no dia 14 de maio.

Além disso, segundo os especialistas da área jurídica, as acusações de agressão sexual na França contra Strauss-Kahn, terão pouco ou nenhum efeito em seu julgamento em Nova York.

A jornalista francesa Tristan Banon, de 32 anos, anunciou na segunda-feira que processará Strauss-Kahn por tentativa de estupro há oito anos, e o ex-diretor-gerente do FMI reagiu ameaçando apresentar uma queixa contra sua acusadora por denúncia caluniosa.

Mas é pouco provável que estes procedimentos afetam o julgamento de Strauss-Kahn em Nova York, onde foi libertado na sexta-feira depois que os promotores levantaram dúvidas sobre a credibilidade da camareira que o acusou de agressão sexual. "O processo da sra. Banon provavelmente não vai mudar nada. A promotoria não pode utilizá-lo", explicou Matthew Galluzzo, ex-promotor de crimes sexuais de Nova York.

Galluzzo e outros especialistas afirmam que a lei americana faz com que seja muito difícil apresentar o caso francês como prova contra Strauss-Kahn. "A lei americana é muito restritiva sobre o uso de outros delitos ou faltas como prova em um caso penal", explicou Ian Weinstein, professor de Direito da Universidade Fordham, de Nova York.

Strauss-Kahn indicou que apresentará por meio de seus advogados franceses uma ação na justiça por denúncia caluniosa contra a jornalista Tristane Banon, alegando que os fatos que ela menciona são "imaginários".

A jornalista e escritora Tristane Banon, de 31 anos, anunciou que vai processar Strauss-Kahn por uma tentativa de estupro ocorrida em 2002.

O ex-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, foi detido em 14 de maio, em Nova York, e indiciado por agressão sexual e tentativa de estupro de uma camareira de hotel.

Na sexta-feira passada, foi colocado em liberdade da prisão domiciliar depois que a promotoria colocou em dúvida a credibilidade da vítima.

Em 16 de maio passado, o advogado de Tristane Banon anunciou que sua cliente tinha pensado em processar o dirigente francês, mas quatro dias depois indicou que esta decisão ficara "reservada para mais tarde".

Tristane Banon assegurou, em fevereiro de 2007, em um programa de televisão que, em 2002, havia sido agredida sexualmente por Strauss-Kahn.