Rebekah Brooks, presidente-executiva da News International, braço britânico do conglomerado de mídia do magnata australiano Rupert Murdoch, anunciou sua demissão nesta sexta-feira.
Brooks vinha sofrendo uma intensa pressão para deixar o cargo em meio ao escândalo provocado pela revelação de que o tabloide dominicial News of The World, também pertencente a Murdoch, teria grampeado celulares de centenas de pessoas para ter acesso a informações confidenciais para reportagens, no período em que ela era editora-chefe da publicação. O anúncio da demissão foi feito em um comunicado divulgado pela TV Sky, também do grupo de Murdoch.
Em um e-mail de despedida enviado aos empregados da empresa, Brooks ela disse que o sua tentativa de se manter no cargo a colocou no centro da polêmica: "Isso está agora desviando a atenção de todos os esforços de resolver os problemas do passado".
O escândalo envolvendo os grampos do News of the World levou a News International a fechar o jornal, o mais vendido aos domingos no país. A última edição do tabloide circulou no último fim de semana.
Entrevista
Nesta quinta-feira, em uma entrevista a outro jornal de sua propriedade, o diário americano Wall Street Journal, Murdoch defendeu a forma como a empresa lidou com a crise. Ele disse que sua companhia tratou as denúncias "extremamente bem em todos os sentidos possíveis", mas admitiu "pequenos erros".
Murdoch disse que "algumas das coisas que foram ditas no Parlamento (britânico) são mentiras completas". Perguntado sobre qual seria sua reação a respeito da publicidade negativa que a empresa vem recebendo, Murdoch disse que estaria "apenas aborrecido. Vou superar isto. Estou cansado".
Investigação americana
O FBI (a polícia federal dos Estados Unidos) também anunciou nesta quinta-feira que investiga acusações de que a News Corporation, o conglomerado internacional de Murdoch, tentou grampear telefones de vítimas dos ataques de 11 de setembro de 2001, segundo relatos. Um alto funcionário do FBI confirmou à BBC que os relatos teriam “credibilidade”.
Um número cada vez maior de congressistas democratas e um republicano vinha pedindo por uma investigação. Os senadores democratas Jay Rockefeller, Barbara Boxer e Robert Menezes pediram nesta semana para que as autoridades dos EUA apurassem as denúncias.
O congressista republicano Peter King, que preside o comitê de segurança nacional e representa uma região de Nova York que perdeu mais de 150 pessoas nos ataques de 11 de setembro, também pediu na quarta-feira por uma investigação do FBI.
Em Washington, uma porta-voz do departamento de Estado, órgão que controla o FBI, não quis comentar o caso, afirmando que "o departamento não comenta investigações específicas, mas sempre que vemos evidências de algo errado, tomamos as medidas apropriadas." Analistas dizem que uma investigação do FBI seria o primeiro indício de que o "escândalo dos grampos" que atinge a imprensa britânica, teria cruzado o Atlântico.