O chefe da conhecida Scotland Yard, a polícia metropolitana de Londres, na Inglaterra, pediu demissão neste domingo depois que seu nome foi envolvido ao escândalo das escutas do tabloide 'News of the World', que pertence ao grupo News Corp. Do multimilionário Rupert Murdoch e que também envolvem suborno de policiais. Segundo informou o site britânico BBC, Sir Paul Stephenson negou as acusações e afirmou que só pediu sua saída devido às especulações, que poderiam atrapalhar as investigações.
"Eu tomei esta decisão como consequência da especulação e das acusações em andamento em relação com as ligações da Met (Polícia Metropolitana) com a News International em um nível graduado, e em particular em relação com Neil Wallis", disse Stephenson em um comunicado.
A Scotland Yard foi acusada também de não ter se empenhado muito na investigação sobre as escutas, e teve que admitir que havia recrutado como consultor de relações públicas um ex-diretor do NotW, Neil Wallis, que também era consultor de um luxuoso hotel onde o chefe da polícia passou cinco semanas este ano, segundo a imprensa. Wallis foi questionado pelos policiais que investigam os grampos ilegais. Stephenson afirma que as suas ligações com o jornalista poderiam dificultar as investigações em curso.
Stephenson disse que conheceu Wallis em 2006, quando o jornalista ainda trabalhava no News of the World, num encontro para falar sobre questões de segurança pública, como já tinha feito com outros jornalistas. Em 2009, após Wallis deixar o jornal, foi contratado pela polícia londrina. Stephenson disse não ter sido responsável pela contratação de Willis e negou que soubesse do envolvimento do jornalista com os casos de escuta telefônica. "Deixe-me dizer claramente, eu e as pessoas que me conhecem sabem que minha integridade está intacta. Eu gostaria que tivéssemos feito algumas coisas de forma diferente, mas não vou perder o sono por minha integridade pessoal".
A Scotland Yard abriu uma investigação sobre a possibilidade de os policiais terem aceitado suborno do tabloide até uma semana e meia atrás. "Eles parecem estar fazendo agora o que deveria ter sido feito dois anos antes", disse Sara George, investigadora criminal do escritório Stephenson Harwood, em Londres. O caso do 'News of the World' é um dos maiores escândalos da mídia inglesa dos últimos tempos. O jornal foi dissolvido na semana passada, a pedido do líder trabalhista Ed Miliband aque também pediu uma lei contra "o abuso de concentração de poder".
Prisão
A polícia britânica deteve neste domingo Rebekah Brooks, ex-diretora da filial britânica do tabloide 'News of the World'. Brooks, que na sexta-feira pediu demissão de seu posto de diretora da News International, divisão britânica do grupo News Corp do magnata australiano-americano, foi mantida em detenção provisória neste domingo, acusada de "conspiração para interceptar comunicações" e "corrupção".
Esta detenção é a décima ocorrida durante a investigação reaberta em janeiro sobre o escândalo das escutas telefônicas praticadas em grande escala nos anos 2000 pelo tabloide News of the World, que pertence ao grupo News Corp. de Rupert Murdoch. O tabloide foi fechado recentemente por causa do escândalo.
Enquanto isso, Murdoch, mergulhado há duas semanas no escândalo que estremeceu seu império, manteve neste domingo seus atos públicos de reparação, publicando em vários jornais um anúncio com o título "O mal foi reparado". A News International prometeu "total cooperação com a polícia", "indenizações às vítimas" e "mudanças" para evitar mais problemas.
No sábado, o próprio Murdoch publicou na imprensa um mea culpa pelos grampos telefônicos praticados em grande escala desde o começo dos anos 2000 pelo News of the World (NotW), fechado na semana passada. Segundo a polícia, o diário grampeou os telefones de cerca de 4.000 pessoas, assim como os de famílias de adolescentes assassinados.
Diante de seus insistentes pedidos, o primeiro-ministro britânico David Cameron anunciou a criação de uma comissão de investigação. Murdoch deve comparecer na terça-feira junto com seu filho James, número três da News Corp, diante de uma comissão que prometeu "chegar ao fundo do assunto". Rebekah Brooks também foi convocada, mas sua situação agora é incerta.
Segundo o Sunday Telegraph, membros do conselho de administração da BSkyB, da qual Murdoch possui 39%, tinham decidido se reunir no dia 28 de julho para analisar o futuro de James Murdoch na direção do grupo.