O ator britânico Hugh Grant, por exemplo, decidiu agarrar o touro pelos chifres. Atuando como detetive - o "papel de sua vida", ironizou um jornal -, afirma que montou uma armadilha para um ex-jornalista do News of the World, o semanário do grupo Murdoch que gerou o escândalo: gravou uma conversa na qual o jornalista admite, segundo o ator, que seu jornal realizava escutas "em grande escala".
Hugh Grant figura em lugar preponderante na lista de pessoas que assinaram a petição lançada para pedir a criação de uma comissão de investigação sobre o caso e a adoção de regras mais coercitivas em matéria de respeito à vida privada. Somaram-se à iniciativa personalidades como Jemina Khan, uma das 4 mil supostas vítimas do caso News of the World, e o ex-chefe da Federação Internacional do Automobilismo (FIA), Max Mosley. Em 2008, o News of the World publicou fotos e vídeos de sessões sadomasoquistas que compartilhava com cinco prostitutas.
O escândalo das escutas telefônicas, que começou no início dos anos 2000, interessou pouco a opinião durante muito tempo, apesar das denúncias de vários atores britânicos, como Sienna Miller.
Mas a revelação, no dia 4 de julho, de que o celular de uma aluna desaparecida que depois apareceu assassinada havia sido grampeado por este jornal foi a gota d%u017Dágua.
Hugh Grant "foi eloquente. Soube falar com as pessoas e suscitar o interesse pela questão", ressaltou Martin Moore, coordenador do "Hacked Off", jogo de palavras com "hacking" (escutas) e "hacked off" (estar farto). O pedido arrecadou mais de 8.400 assinaturas.
O ator visitou os estúdios de televisão nas últimas duas semanas para contar como apanhou o jornalista do News of the World, Paul McMullan.
Convidado a vários programas, teve algumas discussões amargas com jornalistas que o acusaram de estar passando a conta pela cobertura de sua detenção com uma prostituta em 1995 nos Estados Unidos. "Se não quer dar o que falar nos jornais, não deve fazer mais do que conservar as calças", disse um dos animadores. "Patético", respondeu o ator.
O ator Steve Coogan, que atuou em "A volta ao mundo em 80 dias" e também centrou a atenção da imprensa popular, arremeteu contra McMullan, acusando-o a partir da BBC de ser "um fracasso moral".
Por sua vez, Jemina Khan contou no jornal de esquerda The Independente, o "longo e doloroso processo para tentar fazer com que brilhe a verdade" sobre a maneira pela qual piratearam o telefone. "Imprensa, polícia e parlamentares estão todos em conluio neste caso", acusou.
Para Martin Moore, o objetivo de "Hacked Off" é conseguir a maior "transparência" nos meios de comunicação e uma mudança da cultura nas redações da imprensa sensacionalista, para acabar com este tipo de práticas.