Há uma semana, esta ruiva de 43 anos aparecia sorridente ao lado de seu mentor Rupert Murdoch. O magnata acabava de cruzar o Atlântico para assumir pessoalmente as rédeas do caso das escutas telefônicas ilegais praticadas pelo News of the World (NotW), símbolo da divisão britânica do grupo News Corp. "Minha prioridade? É ela", disse o magnata.
Mas uma cascata de acontecimentos abalou em poucos dias a News Corp, um dos grupos de mídia mais poderosos do mundo, assim como sua filial britânica News International, dirigida por Brooks, que mudou a vida da que, durante muito tempo, era considerada "a quinta filha de Rupert".
O patriarca de 80 anos fechou o NotW abandonou um projeto de expansão no Reino Unido e sacrificou seus dois principais funcionários, Rebekah e Les Hinton, companheiro de meio século.
Tão fulgurante quanto sua ascenção foi sua queda
De acordo com sua biografia, Brooks passou pela Universidade de Sorbonne, em Paris, e pela imprensa britânica provincial. Depois de prometer aos 14 anos que seria jornalista, entrou como secretária no NotW em 1989. Onze anos depois converteu-se na primeira mulher e na mais jovem a dirigir um jornal na história da imprensa nacional britânica.
Em 2003 passou ao Sun, outro tabloide do grupo. E 2009 foi o ano de sua consagração: converteu-se em diretora-geral da News International.
Ao longo destes anos demonstrou dotes para as relações públicas, universalmente reconhecidas, uma ambição e uma audácia fora do comum, assim como um caráter particularmente bem-humorado.
Brooks é retratada sobretudo com uma polêmica campanha na qual instava a denunciar os pedófilos, cujos nomes e endereços foram publicados pelo NotW. A lenda também diz que ela não hesitou em se disfarçar de funcionária da limpeza para entrar no Sunday Times para conseguir um furo.
Em 2009, políticos, atores, celebridades e até Rupert Murdoch compareceram ao segundo casamento de Brooks, ex-Wade, em uma propriedade burguesa de Oxfordshire, um campo inglês por excelência, com um ex-domador de cavalos.
Brooks aparecia um dia sim e outro também na imprensa de fofocas, apesar da discrição com sua vida privada. A agenda e a habilidade com as pessoas de Brooks são inigualáveis.
Mas em um piscar de olhos, a estrela dos jantares e das festas que passou o último Natal com o primeiro-ministro David Cameron tornou-se uma pária.
Os partidos políticos aplaudiram de forma unânime sua demisão, assim como alguns investidores da News Corp. O escândalo voltou a ressurgir. Muitas das 4 mil escutas praticadas pelo NotW nos anos 2000 ocorreram quando ela estava à frente do jornal.
A polícia, que voltou a abrir a investigação, deseja interrogá-la sobre as declarações que fez diante de uma comissão parlamentar em 2003, quando admitiu que pagaram a polícia para obter informações no passado, declarou na época. "Compreenderão em um ano", disse Rebekah Brooks, com lágrimas nos olhos, quando anunciou há alguns dias o fim do NotW aos 200 funcionários atônitos. A misteriosa confidência era a prévia de notícias sensacionais.