"Entre os políticos russos, o texto se refere mais frequentemente ao primeiro-ministro Vladimir Putin. Ele o coloca, assim como ao Papa, na lista de pessoas que gostaria de conhecer pessoalmente", acrescenta o Kommersant. "Putin dá a impressão de ser um líder justo e firme, que merece respeito", acrescenta o texto.
O jornal on-line gazeta.ru enfatiza, por sua parte, que além da referência ao atual primeiro-ministro russo, o texto do suspeito toma como modelo o movimento de jovens pró-Putin para a criação de um "movimento conservador e patriótico juvenil" na Noruega.
O documento de 1.500 páginas redigido aparentemente pelo norueguês que matou 92 pessoas em dois atentados em Oslo revela que o ataque já era preparado desde o outono (boreal) de 2009. O texto, publicado na internet diariamente, inclui um manual sobre como montar bombas e um discurso contra o Islã e o marxismo.
Anders Behring Breivik, um norueguês de 32 anos, detalha os preparativos de sua ação, destacando "o uso do terrorismo como um meio de despertar as massas", e admite que será lembrado como "o maior monstro nazista desde a II Guerra Mundial".
Com várias referências históricas, o manifesto inclui numerosos detalhes da personalidade do agressor, seu modus operandi para fabricar bombas e seu treinamento de tiro, além de um minucioso diário dos três meses que precederam o ataque.
O texto, escrito em inglês, tem o título "A European Delaration of Independence - 2083" (Uma declaração de Independência Europeia - 2083) e é firmado sob o pseudônimo "Andrew Berwick".
"Meu nome, Breivik, remonta à época anterior a dos vikings. Behring é um nome germânico pré-cristão que deriva da palavra Behr, que em alemão significa urso (...) e Anders (Andreas) é o equivalente escandinavo de (...) Andrew", explica.
"Um alvo prioritário é a reunião anual do partido socialista/social democrata", diz o texto, que também explica como montar uma empresa de fachada, mineradora ou agrícola, para adquirir explosivos.
O documento acaba assim: "Acredito que será minha última postagem. Estamos na sexta-feira, 22 de julho, às 12H51", apenas três horas antes da explosão de uma bomba no centro de Oslo e do posterior ataque à colônia de férias do Partido Trabalhista.
Behring admitiu hoje que participou dos ataques, que "foram planejados há muito tempo", informou seu advogado Geir Lippestad.