O capitão Paul Washington, que iniciou a batalha judicial, disse que o FDNY enfrenta o mesmo tipo de transformação que aconteceu no Departamento de Polícia de Nova York há alguns anos. "Há uma possibilidade de que isto seja histórico", disse Washington à AFP. O FDNY nega qualquer tipo de racismo, mas os números não ajudam a instituição.
Em uma cidade conhecida pela grande mistura de raças e na qual 25% da população é negra e 27% de origem latina, apenas 3,4% dos bombeiros são negros e 6,7% latinos, destacaram os denunciantes. O julgamento, que acontece em um tribunal próximo do quartel central do FDNY, é apenas o último de uma série de denúncias na justiça com o objetivo de recrutar mais pessoas destas minorias.
O juiz Garaufis emitiu ano passado uma decisão na qual afirmava que os testes de entrada no FDNY foram criados para favorecer os candidatos brancos. Segundo o comando dos bombeiros, mudanças estão sendo implementadas. Neste verão foi criada uma grande campanha de recrutamento entre os negros e os latinos para os exames de 2012.
Uma das pessoas que coordena o processo de recrutamento, Michele Maglione, testemunhou no processso e a afirmou que um número recorde de não brancos pode ser aprovado no concurso, que acontece a acada quatro anos. De acordo com Maglione, as candidaturas apresentadas até o momento tême 63% de brancos, 20,7% de latinos, 12,9% de negros e 2,9% de asiáticos.
Para o mesmo período em 2007, os números eram de 73,1% de brancos, 15,2% de latinos, 8,3% de negros e 2,3% de asiáticos. Em um centro de recrutamento perto do Harlem, três bombeiros negros distribuem panfletos informativos para atrair candidatos.
Os recrutadores dizem amar o trabalho, que às vezes pode ser perigoso e no qual ganham quase 100.000 dólares anuais a partir do quinto ano de serviço, com uma ótima aposentadoria após 20 anos. Annie Martínez, de origem cubana, para e recebe informações para seu filho, que segundo ela idolatra os bombeiros desde que era pequeno. Agora, com 20 anos ele sonha em entrar para o FDNY.
Martínez, de 47 anos, diz que como voluntário o filho sempre teve uma boa relação com os bombeiros brancos, mas não esconde o medo de que tenha dificuldades para conseguir um emprego no Departamento. "Se Deus quiser vão recrutar mais minorias agora, mas a situação é assim há tanto tempo que muitos latinos como eu nem tentam entrar", lamenta.