Ministros israelenses ameaçam com medidas econômicas e políticas para sancionar o pedido de adesão de um Estado Palestino à ONU, que o presidente palestino Mahmud Abbas está determinado a apresentar na sexta-feira em Nova York. O chefe da diplomacia israelense, o nacionalista Avigdor Lieberman, advertiu sobre as "consequências duras e graves" da iniciativa palestina e ameaçou anular todos os acordos "fechados" com os palestinos.
Esses fundos, de um montante mensal de 60 milhões de euros, representam dois terços das receitas orçamentárias palestinas. Sem esse montante, a Autoridade Palestina não poderá garantir o pagamento de mais 150.000 funcionários.
Danny Ayalon, vice-ministro de Relações Exteriores, mencionou essa sanção no domingo na reunião de credores da Autoridade Palestina em Nova York. "A ajuda futura e a cooperação poderá ser comprometida de forma severa e irremediável caso a direção palestina continue violando os acordos assinados que regulamentam as relações econômicas entre Israel e a Autoridade Palestina", disse Ayalon.
Segundo ele, "Israel não terá obrigação alguma em relação ao suposto Estado palestino (...) criado artificialmente em violação a todos os acordos". O ministro das Finanças Yuval Steinitz também expressou a hipótese de um corte nas assistências à Autoridade Palestina.
Os palestinos "querem estabelecer um Estado sem paz, sem segurança, sem pôr fim ao conflito, sem reconhecer o Estado de Israel, sem assumir o mínimo compromisso. Tudo isso representa nosso pior pesadelo, e isso tem um preço", advertiu Steinitz.
Outro falcão da coalizão, Moshé Yaalon, ministro encarregado de Assuntos Estratégicos, elogiou a construção de milhares e casas nas colônias da Cisjordânia e em Jerusalém Oriental. Segundo a imprensa, vários líderes israelenses, assim como o poderoso lobby dos colonos, são favoráveis à anexação imediata dos blocos de colônias onda vive a maioria dos 300.000 israelenses instalados na Cisjordânia.
O primeiro-ministro de direita Benjamin Netanyahu afirmou que quer a anexação desses blocos, seja qual for o acordo estabelecido com os palestinos. Um funcionário do governo israelense afirmou, no entanto, que Netanyahu não decidiu ainda as eventuais medidas de resposta caso os palestinos levem a questão da criação de seu Estado ao Conselho de Segurança da ONU.
"Por enquanto, Benjamin Netanyahu deixa Avidgor Lieberman e outros ministros falarem, endossando que os Estados Unidos e os europeus deixaram claro que são contrários a qualquer sanção econômica".
Segundo o jornal Haaretz, o ministro da Defesa Ehud Barak, assim como o ministro encarregado da inteligência, Dan Meridor, moderado, são hostis por pragmatismo às represálias. De acordo com eles, provocar o naufrágio econômico da Autoridade Palestina pode levar a Cisjordânia ao caos, e Israel pagará as consequências em termos de violência e condenações internacionais.
O presidente Abbas informou ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, sobre sua intenção de lhe entregar na sexta-feira a petição de adesão de um Estado da Palestina para que seja submetido ao Conselho de Segurança.