O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu nesta terça-feira com "grande honra" e "profunda alegria" o título de Doutor Honoris Causa do prestigiado Instituto de Ciências Políticas de Paris, algo que considerou "uma homenagem ao povo brasileiro". "Este título não é um reconhecimento pessoal, é uma homenagem ao povo brasileiro", declarou o ex-presidente em uma cerimônia no anfiteatro dessa casa de altos estudos.
Após citar alguns dos números-chave de seus dois mandatos (2003-2011), como as 28 milhões de pessoas que saíram da miséria, as 30 milhões de pessoas que entraram na classe média, os 16 milhões de novos empregos ou o aumento do salário mínimo em 62%, o ex-presidente destacou uma gestão que "começou a tratar os pobres como verdadeiros cidadãos".
Após dizer que o Brasil "não está sozinho nesta trajetória virtuosa de democracia, desenvolvimento econômico e justiça social", sustentou que a "esperança progressista do mundo de hoje navega com os ventos que sopram do sul".
"A América do Sul não é mais a origem dos problemas deste mundo", afirmou Lula, enfatizando o papel dessa região na construção de um "mundo multipolar". "A América do Sul afirma sua presença na comunidade internacional, renovando a confiança em seus povos para construir um destino comum em democracia com crescimento econômico e justiça social", afirmou, antes de citar a crise da dívida que atinge a Europa e de lembrar: "quando houve crise no Brasil e no México recebíamos muitos conselhos".
"Agora vejo o mundo rico com muitos problemas", disse o ex-presidente que pediu que a Europa adote "decisões políticas, não econômicas". "Temos uma liderança que acreditou muito nos mercados e não na política", declarou Lula. "Agora estão faltando decisões políticas", pois a "União Europeia é patrimônio da Humanidade", que não "pode se desmantelar só porque alguns bancos foram irresponsáveis", enfatizou.
Lula declarou-se orgulhoso de ter criado 14 universidades, 126 campi universitários e 214 escolas técnicas. "Pertenço a uma geração que acreditou muito que era possível", afirmou Lula antes de confessar que talvez tenha sido por "orgulho de classe" que quis "demonstrar que um metalúrgico sem diploma universitário podia fazer mais do que a elite política do Brasil". Diante de cerca de 20 doutores em Ciência Política sentados nas primeiras filas, o ex-presidente reivindicou a política como "impulsionadora de mudanças" e, se dirigindo aos jovens, a reivindicou como ferramenta de "participação" na democracia.