Vsevolod Chaplin, importante autoridade da igreja ortodoxa russa, pediu um debate sobre o suposto teor pedófilo em dois clássicos da literatura: "Lolita", de Vladimir Nabokov, e "Cem Anos de Solidão", de Gabriel García Márquez.
"Temos que debater para determinar em que medida estas obras justificam a pedofilia. É um fato que no Ocidente houve um opinião muito negativa sobre elas, e depois mudou", afirmou em entrevista à rádio Echo de Moscou.
"Chegou o momento de uma revolução moral, ou uma contrarrevolução se você preferir", disse.
O romance de Nabokov, que conta a obsessão de um homem com uma adolescente de 12 anos, provocou escândalo ao ser lançado em 1955. A obra do colombiano García Márquez aborda o tema do incesto.
Mas as declarações de Chaplin revoltaram os escritores russos.
"Em seguida vamos verificar se na literatura, desde Homero até os grandes clássicos russos, há sinais de violência, pedofilia e outras coisas inaceitáveis", comentou com ironia o historiador Nikolai Svanidze.
Boris Akunin afirmou que a igreja ortodoxa não deve interferir nos "temas seculares e literários".
Mikhail Chvydkoi, ex-ministro da Cultura, afirmou que uma resposta à proposta de Chaplin seria "prejudicial para a Rússia".