"Vamos continuar tolerando esse tipo de livro hoje em dia?", questionou Mondondo, cujo processo contra a editora de "Tintim" é apoiado por um grupo antirracismo francês.
Um dos advogados de Mondono, Ahmed L'Hedim, argumentou que o livro, escrito pelo celebrado cartunista belga Hergé em 1931, viola as leis antirracismo belgas. "Imagine uma menina negra de 7 anos descobrindo Tintim no Congo com os colegas de escola", sugeriu o advogado, criticando a descrição feita pelo livro de um homem negro, como sendo "devagar, submisso e estúpido", além de "incapaz de falar francês corretamente".
Os advogados argumentam que as aventuras do intrépido repórter no Congo Belga, atual República Democrática do Congo, deveriam ao menos exibir um aviso ou uma explicação sobre seu contexto histórico.
A editora Casterman e a empresa que detém os direitos comerciais do personagem, Moulinsart, alegam que a queixa ameaça a liberdade de expressão. "Se censurarmos Tintim no Congo, toda a literatura mundial via acabar nos tribunais, de Simenon até a Bíblia", disse um de seus representantes, Alain Berenboom.
Hergé, cujo nome verdadeiro era Georges Remi (1907-1983), explicou que o livro é um mero reflexo da visão ingênua daquela época. Alguns trechos foram revisados em edições posteriores.