Jornal Estado de Minas

Abbas diz que palestinos estão com raiva dos EUA

País prometeu vetar pedido de adesão do Estado Palestino no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU)

Agência Estado
O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, disse nesta quinta-feira que os palestinos estão com raiva das políticas dos Estados Unidos, mas garantiu que "nossa raiva é uma raiva civilizada", o que significa que não irá virar violência. Os EUA prometeram vetar no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) o pedido de adesão da Palestina à entidade. As declarações de Abbas fazem eco a um crescente sentimento de frustração dos palestinos com a postura dos EUA, a qual veem como totalmente favorável a Israel. Além dos EUA ameaçarem vetar no CS o pedido de adesão, o Congresso dos EUA ameaça suspender um terço da ajuda anual destinada pelos americanos aos palestinos, de US$ 200 milhões. Os protestos têm sido pequenos, com a queima pública de bandeiras dos EUA e de fotos do presidente americano Barack Obama. Na terça-feira desta semana, cerca de 30 pessoas se aproximaram de um comboio diplomático dos EUA que estava em Ramallah, na Cisjordânia, gritando "Que vergonha" e jogando um sapato contra a porta de um restaurante onde os funcionários americanos jantavam. Jogar sapatos contra uma pessoa é uma ofensa nos países árabes. Funcionários dos EUA não comentam publicamente os sinais de ressentimento e frustração, mas de maneira privada minimizam o problema. "Jogar um sapato não é evidência de um crescente sentimento antiamericano entre os palestinos", disse um diplomata, sob anonimato. Mas o corte potencial na ajuda anual dos EUA aos palestinos poderá piorar a situação. Os EUA são o país que mais contribuem individualmente com os palestinos. A ajuda total em 2011 deverá chegar a US$ 600 milhões. A ameaça de Washington de bloquear o reconhecimento da Palestina na ONU é um "ato de agressão", disse o escritor palestino Hani al-Masri, que boicotou a recepção aos embaixadores dos EUA em Ramallah. Outros dizem que não foram ao evento porque temiam ser isolados e discriminados nas suas comunidades. "Eu não acredito que qualquer outra administração dos EUA tenha ido tão longe em demonstrar lealdade a Israel", disse a ativista e intelectual palestina Hanan Ashrawi, que participou da delegação de Abbas na ONU. "As pessoas estão furiosas" ela disse sobre o sentimento em relação aos EUA na Cisjordânia.