Brasil, Índia e África do Sul exigiram nesta terça-feira uma reforma da ONU, mas sua reunião de cúpula em Pretória refletiu mais uma aceleração de seus intercâmbios comerciais e suas preocupações com a crise mundial do que uma total unidade diplomática.
"Compartilhamos a mesma preocupação relacionada à crise econômica que atinge os países do norte. Pedimos a seus líderes que evitem que isso se torne uma crise mundial", declarou à imprense a presidente brasileira Dilma Rousseff. Na véspera, Dilma visitou a fábrica de equipamentos de defesa Denel para se informar a respeito de um projeto conjunto de míssil previsto para cinco anos, segundo a Business Day. No plano econômico, os intercâmbios se desenvolvem mais rápido do que o previsto e atingiram 16,1 bilhões de dólares em 2010. O objetivo para 2015 é de 25 bilhões de comércio combinado. A presidente brasileira, o presidente sul-africano, Jacob Zuma, e o primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, também "debateram o desequilíbrio do mundo no qual vivemos", disse Zuma à imprensa. "As instituições para a governança mundial ainda estão hoje voltadas para o Norte desenvolvido", acrescentou, e "vamos continuar a trabalhar para garantir uma transformação do sistema de governança mundial". Os três países fazem campanha por assentos permanentes no Conselho de Segurança, que pertencem desde o final da Segunda Guerra Mundial a cinco Estados (Estados Unidos, Rússia, China, França, Reinos Unido), que possuem direito de veto. Mas as discussões levam anos sem um verdadeiro avanço. Atualmente, os três estão presentes de forma não-permanente no Conselho de Segurança, onde se abstiveram na última importante votação, sobre a Síria. Nessa votação, a China e a Rússia foram os fiéis da balança e bloquearam uma resolução condenando a repressão às manifestações pela liberdade no país árabe. O primeiro-ministro indiano, Singh, ressaltou nesta terça em Pretória que os três países "compartilham os princípios do pluralismo, da democracia, da tolerância e do multiculturalismo". No entanto, os críticos questionam a importância do Ibas, já que a África do Sul entrou para os Brics, bloco integrado também por Rússia e China. "Dadas as explosivas relações entre Índia e China, a China fez um trabalho muito habilidoso para neutralizar a Índia, convidando a África do Sul para os Brics", disse ao jornal Business Day Mills Soko, professor associado de Política Econômica Internacional da Universidade da Cidade do Cabo. O Ibas é considerado por muitos um projeto da Índia para aumentar sua influência. Os três são considerados as democracias "reais" dos Brics. No plano diplomático, analistas consideram que estes países ainda estão longe de formar um "G8 do Sul", que alguns chegaram a mencionar no momento da criação do Ibas, em 2003. Em matéria de meio ambiente, os três líderes formam uma frente unida para exigir a redução das emissões de gás do efeito estufa e para pedir uma ajuda aos países em desenvolvimento. Eles esperam um resultado "completo e equilibrado" no final de novembro durante a cúpula de Durban, na África do Sul.