A violência se intensificou esta quarta-feira na Síria, com a morte de 15 membros das forças de segurança e de 19 civis, entre eles 11 operários de uma fábrica, ao mesmo tempo em que Damasco anunciava a aceitação "sem reservas" o plano de saída da crise proposto pela Liga Árabe. Dois grupos de desertores mataram na quarta-feira 15 membros das forças de ordem sírias na província de Hama (centro), informou o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
"Um primeiro grupo de desertores fez explodir um artefato na passagem de veículos militares do exército popular na cidade de Madiq, província de Hama, matando sete soldados", acrescentou o OSDH. "Um segundo grupo atacou um ônibus e um automóvel que levava agentes de segurança e milícias fiéis ao regime, matando oito deles, na estrada entre Qaalet al Madiq e Sqailbiyé", acrescentou a organização. O "Exército sírio livre", grupo armado de oposição síria, reivindicou estes ataques no microblog twitter. A formação deste grupo foi anunciada em julho passado pelo coronel Raid al Assad, oficial do exército sírio que desertou pela revolta junto a "centenas de soldados" e se refugiou na Turquia. Segundo a OSDH, estas duas operações foram realizadas "em resposta ao massacre de 11 operários", assassinados por um grupo armado fiel ao regime, na manhã de quarta-feira, em uma fábrica situada na província de Homs (centro). As forças de segurança síria mataram oito civis na quarta-feira em diferentes bairros de Homs, cenário de operações militares há várias semanas, segundo a mesma fonte. Paralelamente, "a delegação síria aceitou sem reservas o plano da Liga Árabe em sua totalidade", declarou um porta-voz da organização no Cairo. O plano prevê o "cessar imediato" da violência e a "retirada dos tanques" a fim de "enviar uma mensagem tranquilizadora às ruas sírias" e criar as condições para um "diálogo nacional" com a oposição. No entanto, o Conselho Nacional Sírio (CNS), que reúne a maioria das forças opositoras ao regime do presidente Bashar al Assad, instou novamente à Liga Árabe para suspender a adesão da Síria na organização pelo "comportamento sanguinário do regime", o que "mostra que não leva em conta os esforços árabes com vistas a deter o derramamento de sangue e evitar as ingerências externas. O regime quer ganhar tempo". Uma revolta popular que quer a queda do regime de Bashar al Assad explodiu na Síria em 15 de março, sendo reprimida de forma sangrenta pelo poder, que não reconhece a magnitude da impugnação e a atribui desde o começo a "bandos terroristas armados". No entanto, há várias semanas a revolta parece ter dado uma reviravolta com ataques armados contra soldados sírios lançados por desertores do exército, ao lado das manifestações pacíficas nas ruas, segundo ONGs sírias de direitos humanos.